Brasilia – ‘Big Brother’ nas escolas divide opiniões
Brasília – A idéia da Secretaria de Educação de implantar câmeras de segurança nas escolas de rede pública do Distrito Federal também divide opinião de alunos e professores. Para ser implementado, o projeto ainda precisa ser sancionado pelo governador do DF, José Roberto Arruda, e depois regulamentado. Mas ele já causa polêmica entre as comunidades escolares, que querem mais segurança, mas temem pela perda da privacidade.
No Centro de Ensino Fundamental 4, do Guará, perto de onde, na última quinta-feira, um aluno foi baleado, alguns estudantes não gostaram da novidade das câmeras em salas de aula. “Vão invadir nossa privacidade, impedindo a gente de fazer bagunça e dar uns beijinhos”, reclama André Luiz Araújo, 14 anos. “Vai ser ruim porque todo mundo vai ficar santinho. Aí não tem graça. Também não vai adiantar porque nem acontece grande coisa em sala”, brinca Rafael Costa, 15 anos. Mas os mesmos meninos concordam com a vigilância nos corredores e nas redondezas da escola. “Aqui tem muita briga e sempre tem várias versões do motivo. A câmera vai gravar tudo e tirar as dúvidas”, avalia André.
As meninas já têm outras preocupações. “Na minha sala, sempre roubam alguma coisa e vivem pichando as paredes e as cadeiras. A câmera ajudaria a impedir isso”, defende Tainara Fernanda Ferreira, 11 anos. “Seria bom e ruim, porque previne pichações, por exemplo, mas tira nossa liberdade de ficar natural na sala”, aponta Lanna Jéssica Santos, 13 anos. A colega Caroline Holanda Evangelista, 13 anos, ressalta, ainda, que as brigas entre alunos e professores poderiam ser resolvidas, já que as gravações mostrariam quem tem razão. “Em compensação, nossos pais teriam a prova de tudo o que a gente fizesse de errado, é muito estranho”, preocupa-se.
O grupo de jovens também conta que as portas e janelas da escola estão quebradas graças ao vandalismo dos alunos, que chegaram até a riscar o carro de professores. “O ideal seria ter câmera e também policial com freqüência na frente da escola com detector de metal”, sugere André Luiz. O estudante comenta que é comum alunos levarem facas, canivetes e ferros para agredir os colegas. “Um dia um menino pequeno trouxe uma munição de arma dizendo que ia matar a professora”, lembra. “Eles têm que prevenir mesmo. Não quero estar dentro da escola e ser vítima da violência”, reconhece Rafael.
Professores
A professora do CEF 4 Eunice Feijó Paiva ainda não tem uma opinião formada sobre o assunto, mas garante: “Não estamos preparados para lidar com a vigilância dentro das salas”. Segundo o diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) José Antônio Gomes Coelho, a categoria ainda não realizou um debate aprofundado sobre o assunto, pois não há informações suficientes. “Se for somente para a segurança, tudo bem, Mas há divergências quanto a possíveis pontos eletrônicos”, comenta. “Mas já adianto que colocar dentro das salas é complicado, porque lá quem deve se responsabilizar pelo que acontece é o professor. Já nos corredores é uma boa idéia”, considera.
Origem: http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2721188&sub=Distrito
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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