Os membros do Exército de Libertação do Povo que estão desesperados para ir trabalhar com todo o estilo e elegância em um dos carrões de Elon Musk vão ficar querendo. O governo chinês proibiu o uso de veículos da Tesla por funcionários do estado e militares em certas propriedades do governo por questões de “segurança nacional”.
De acordo com reportagens do Wall Street Journal e da Bloomberg, a República Popular da China está supostamente preocupada que os carros altamente tecnológicos da Tesla possam ser uma fonte de vazamento de dados ou de espionagem estrangeira. Uma preocupação particular é o alto número de sensores internos e câmeras instaladas em veículos Tesla, que poderiam ser usados para canalizar dados confidenciais “de volta aos EUA”, preocupam-se funcionários do governo.
A proibição foi supostamente emitida pelos militares chineses e restringe funcionários do governo de usar os veículos em certas propriedades militares e estatais, bem como de “dirigir em conjuntos habitacionais para famílias de funcionários que trabalham em indústrias sensíveis e agências estatais”. A medida vem na sequência de uma “revisão de segurança governamental” da Tesla, relata o WSJ, e parece que ela não foi muito boa para a empresa.
A avaliação levantou preocupações sobre os dados coletados pelos veículos e pela Tesla — incluindo dados de localização do veículo e listas de contatos de celulares que são sincronizados com os sistemas internos do carro.
Recentemente, escrevemos que o carro moderno é basicamente um tesouro de dados pessoais, do tipo que podem ser compartilhados, vendidos ou roubados. Portanto, as preocupações da China não são infundadas.
Além disso, a Tesla teve vários incidentes de segurança duvidosos ao longo dos anos. Em 2016, pesquisadores — justamente na China — demonstraram que podiam hackear remotamente os carros da empresa por meio de seu Wi-Fi. Eles conseguiram de pisar nos freios, abrir o porta-malas e ligar e desligar os limpadores de para-brisa do veículo. Em um episódio recente, um hacker conseguiu obter acesso a centenas de câmeras de segurança interna da empresa por meio de um provedor terceirizado, o que também causou preocupação.
A proibição também é um indicativo de como como a indústria de tecnologia se tornou um domínio do conflito político entre os EUA e a China. Nos anos do presidente Trump, os EUA agiram para reprimir agressivamente qualquer empresa chinesa de tecnologia que considerassem uma ameaça à “segurança nacional”, colocando dezenas de companhias em uma lista de proibições, tentando impedir seu acesso ao mercado americano e cortar seus investimentos financeiros. Por isso, a resposta da China na mesma moeda não chega a ser surpreendente.
João Marcelo de Assis Peres
joao.marcelo@guiadocftv.com.br
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