Novo neurotransístor imita neurônios e sinapses, reduzindo consumo de energia e tamanho em chips de IA neuromórfica.

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Neurotransístor: novo componente substitui até 24 transistores e revoluciona hardware para IA

Para construir computadores que imitam o cérebro humano — mais rápidos e com consumo energético muito menor — uma abordagem comum é utilizar os transistores atuais para simular neurônios e sinapses. Porém, essa solução exige muitos recursos: são necessários cerca de 18 transistores para simular um neurônio e 6 para uma sinapse. Isso evidencia que os transistores tradicionais não foram projetados para esse propósito.

Pensando nisso, o pesquisador Sebastian Pazos e sua equipe da Universidade Nacional de Cingapura desenvolveram um novo tipo de transistor de silício que pode, sozinho, imitar tanto neurônios quanto sinapses. Essa inovação tem o potencial de transformar o campo da computação neuromórfica, tornando sistemas de inteligência artificial em hardware muito mais eficientes.

Transistores são reinventados para hardware de IA

Um único componente substitui até 24 transistores usados atualmente para fazer computação neuromórfica.
[Imagem: Sebastian Pazos et al. – 10.1038/s41586-025-08742-4]

Um único transístor com múltiplas funções

Neurônios e sinapses eletrônicos são os blocos fundamentais das redes neurais artificiais de próxima geração. Diferente da computação tradicional, esses sistemas processam e armazenam dados no mesmo local, o que evita o gasto de tempo e energia na transferência de dados entre memória e CPU. Essa abordagem é chamada de computação na memória, essencial para o avanço da IA embarcada em hardware.

Com o novo neurotransístor, é possível substituir até 24 transistores usados atualmente nesses sistemas. Isso significa que os neurônios eletrônicos podem ser reduzidos em tamanho por um fator de 18, e as sinapses eletrônicas, por um fator de 6. Em redes neurais que utilizam milhões desses elementos, a economia de espaço e energia pode ser significativa.

Como o neurotransístor funciona

A equipe conseguiu fazer um transistor de silício comum reproduzir os comportamentos eletrônicos típicos de neurônios e sinapses. A chave está em ajustar a resistência do terminal de corpo do transistor para provocar um fenômeno físico chamado ionização de impacto — que gera um pico de corrente semelhante ao disparo de um neurônio.

Além disso, ao ajustar a resistência para outros valores, o transistor pode armazenar carga no terminal de porta, mantendo sua resistência ao longo do tempo, comportamento típico de uma sinapse eletrônica.

Embora a ionização de impacto fosse tradicionalmente considerada um defeito nos transistores de silício, os pesquisadores conseguiram controlá-la e usá-la a favor da computação neuromórfica. Alterar a função do componente — entre neurônio e sinapse — é tão simples quanto selecionar a resistência adequada no terminal de corpo (também conhecido como terminal de substrato), o quarto terminal dos transistores MOSFET.

Nova célula de memória neurossináptica

A equipe também desenvolveu um novo tipo de célula chamada NSRAM (Memória de Acesso Aleatório Neuro-Sináptica), composta por apenas dois transistores, capaz de alternar entre os modos de operação de neurônio e sinapse. Essa versatilidade dispensa a necessidade de dopagem específica do silício, facilitando a fabricação em larga escala.

“Tradicionalmente, a corrida por supremacia em semicondutores e IA era movida por força bruta — quem consegue fabricar os menores transistores e arcar com os custos. Nosso trabalho propõe uma abordagem totalmente nova, baseada em um paradigma de computação usando neurônios e sinapses eletrônicos altamente eficientes,” explicou Pazos.

Com essa descoberta, abre-se um caminho promissor para o desenvolvimento de chips neuromórficos muito mais compactos, potentes e energeticamente eficientes — elementos fundamentais para o futuro da inteligência artificial.

 

 

 

 

 

 

 

João Marcelo de Assis Peres – joao.marcelo@guiadocftv.com.br

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