Câmeras intimidam infrator britânico
A cidade de Middlesbrough instalou, há dois meses, câmeras com alto-falantes com o objetivo de coibir a realização de pequenos delitos.
A cena parece saída de um filme de ficção: um garoto está andando de bicicleta na calçada quando a voz de uma autoridade invisível surge do nada. “O rapaz de camiseta preta na bicicleta poderia, por favor, desmontar?”, diz a voz, em um tom educado, mas resoluto. Surpreso, o garoto procura o lugar de onde vem o comando – um alto-falante acoplado a uma câmera, no alto de um poste – e obedece, enquanto as pessoas na calçada o observam, algumas rindo, outras espantadas.
Se a história parece incrível, “você ainda não ouviu nada”, como avisa o slogan da prefeitura de Middlesbrough, no nordeste da Inglaterra, sobre a novidade da cidade no combate à desordem social: câmeras de vigilância com sistema de som.
A cena é apenas uma das muitas que se tornaram corriqueiras desde que a cidade instalou, há dois meses, alto-falantes que permitem às autoridades intervir no momento em que uma infração é cometida.
A prefeitura não esconde o princípio por trás do novo método: envergonhar o infrator.
“O sistema destaca a pessoa no meio da multidão, chama a atenção de todos para o infrator que, envergonhado, obedece ao comando e corrige sua atitude”, explica Jack Bonnar, o gerente da CCTV (televisão de circuito fechado) na cidade.
O centro de operação das câmeras de Middlesbrough funciona 24 horas por dia. Três operadores por turno sentam-se em frente a 28 monitores ligados às 146 câmeras que vigiam as ruas.
Sete delas, todas na região central, ganharam alto-falantes, cuja meta não é reprimir crimes mais sérios como roubos – contra os quais são ineficientes, segundo estudos do governo –, mas infrações leves, como jogar lixo na rua, brigar ou furtar cones de sinalização.
“A câmera detecta o problema, mas não o interrompe ou evita, que é o que conseguimos fazer quando falamos com as pessoas”, diz Bonnar. Ele cita dados positivos – 80% de redução nos pequenos delitos, melhoria na limpeza da cidade – como prova de que o sistema, ainda em fase inicial, funciona.
SOCIEDADE DE VIGILÂNCIA – O exemplo gerou críticas de sociólogos e organizações de defesa das liberdades civis. “A humilhação pública não é a melhor forma de controle social”, disse ao jornal “The Guardian”, o professor Clive Norris, da Universidade de Sheffield.
O que deixa os críticos atordoados é a aceitação da população. Uma pesquisa do instituto YouGov mostrou que 72% da população não vê as medidas como invasivas.
Origem: Jornal de Piracicaba Online
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Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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