Aparato inclui nove torres de 30 metros equipadas com radar e câmeras. A cerca virtual é a espinha dorsal da Iniciativa de Segurança na Fronteira.
Se a tentativa de prender pessoas cruzando ilegalmente a fronteira ao sul do deserto do Arizona é uma briga de gato e rato, o Departamento de Segurança Interna do governo norte-americano afirma que o gato está mais esperto do que nunca.
O novo aparato inclui nove torres com cerca de 30 metros de altura equipadas com radar, câmeras de alta definição e outros equipamentos plantados em meio aos campos de arbustos e lava que circundam essa minúscula cidade.
Conhecido como Projeto 28, em referência às 28 milhas (ou 45 quilômetros) de fronteira alcançadas pelos radares das torres, a chamada cerca virtual constitui-se na espinha dorsal da Iniciativa de Segurança na Fronteira, conhecida como SBInet, um mix multibilionário de tecnologia, mão-de-obra e monitoramento, cujo intuito é controlar a passagem ilegal pela fronteira.
Se o resultado do projeto for positivo, centenas de torres como essas poderiam ser implementadas nos 9.600 quilômetros de fronteiras com o México e o Canadá.
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Controle tecnológico
As câmeras, ativadas por radar, devem transmitir imagens de alta qualidade de alvos a quilômetros de distância para comandantes e agentes em campo, tornando possível detectar quase instantaneamente se eles estão vendo uma família em passeio ou um grupo de imigrantes ilegais.
A informação passaria por uma rede sem fio de alta velocidade para os laptops de dezenas de veículos de Patrulha da Fronteira que, em tese, reagiriam com mais rapidez e eficiência às transgressões do que o fazem agora.
“Estamos na linha divisória entre a velha Patrulha da Fronteira e a nova patrulha do futuro”, declarou David Aguilar, chefe da Patrulha da Fronteira.
“O novo aparato não só detectará, mas identificará o tipo de invasão”, acrescentou Aguilar, um avanço em relação aos sensores de solo, câmeras em cercas e pegadas, recursos utilizados até então e que podem induzir a “erros”.
Adiamento
No entanto falhas nos radares e nas câmeras forçaram o projeto a adiar a sua inauguração que estava prevista para 13 de junho, exatamente quando o Congresso se volta mais uma vez para o tema da segurança nas fronteiras em uma medida do Senado que visa à reforma das leis de imigração.
Representantes do Departamento de Segurança Interna insistem que a Boeing, que fechou um contrato de US$ 67 milhões para desenvolver este projeto, entre outras empresas, em breve providenciará o funcionamento do projeto, embora não forneça uma nova data de conclusão.
A Boeing consultou o departamento para comentários sobre o assunto.
“Estamos progredindo muito bem”, declarou o diretor executivo do programa de fronteiras, Gregory Giddens.
Os democratas no Congresso estão questionando por que os problemas não foram divulgados em uma reunião sobre o projeto em 7 de junho. Somente depois, em comunicado aos congressistas, os atrasos vieram à tona.
“A falha do departamento em se posicionar e as repetidas vezes em que os prazos do projeto foram descumpridos não só prejudicam a capacidade do Congresso de monitorar o programa SBInet de maneira apropriada, mas também destrói a credibilidade do departamento com relação a essa iniciativa”, escreveram os representantes Bennie G. Thompson do Mississippi, diretor do Comitê de Segurança Interna, e Loretta Sanchez da Califórnia, diretora de um subcomitê de fronteiras, ambos democratas, em uma carta em 19 de junho para o departamento.
Em um relatório em fevereiro, o Departamento de Responsabilidade Governamental alertou que o Congresso precisava manter um controle firme do programa, porque, segundo o documento, “o SBInet corre o risco de não cumprir os recursos e benefícios prometidos dentro do prazo e do orçamento”.
Alguns oficiais estimam que o custo total do projeto até 2011 seria de US$ 7,6 bilhões. O departamento de responsabilidade sugeriu que esse número está subestimado.
A Boeing conseguiu o contrato, que inclui US$ 20 milhões para o Projeto 28, em setembro e o assumiu em caráter de urgência, afirmou Giddens, acrescentando que prefere atrasar a iniciar o projeto com equipamentos com falhas.
Em vez de desenvolver uma nova tecnologia, a Boeing empregou câmeras, sensores, radares e outros equipamentos que já estavam no mercado e os reuniu em um sistema que, embora não apresente inovação tecnológica, difere de tudo que a Patrulha da Fronteira utiliza atualmente.
Origem: http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUI59149-5602,00.html
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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