Cariocas gastam 5% do PIB do Rio com a violência
Cariocas gastam o equivalente a 5% do PIB do Rio com a violência. Além das contas habituais, os 6,1 milhões de moradores da cidade têm de incluir, em média, R$ 500 nos gastos mensais com segurança. Na conta feita pelo economista Ib Teixeira a pedido do JB, entram o preço dos sistemas cada vez mais sofisticados e caros dos condomínios e casas, vigilantes, seguranças particulares e prestações de seguro dos carros.
“Pago R$ 900 de condomínio, mais R$ 1.500 pelo seguro do carro”, soma Evelyn Rosenzweig, presidente da Câmara Comunitária do Leblon. “O condomínio poderia ser mais barato, R$ 830. Mas as câmeras de vigilância encarecem.”
Evelyn conta que o sistema de segurança do prédio onde mora, no Alto Leblon, não é dos mais sofisticados. Dos R$ 900, R$ 70 são destinados para a segurança do prédio de 20 apartamentos. O condomínio inteiro gasta R$ 1.400 mensalmente com o sistema.
A atriz Helena Ranaldi, 41 anos, só não morreu no mês passado porque comprou um carro blindado. O equipamento segurou três balas disparadas por assaltantes durante tentativa de roubo na Linha Amarela.
“O investimento é caro para a população brasileira”, comenta Helena. “Há oito anos, comprei o primeiro blindado, pois sempre andei sozinha pela cidade. Também atravessava o Túnel Rebouças para chegar até a Barra, onde morava.”
O preço de um carro blindado zero não sai por menos de R$ 100 mil. Existem seis níveis de blindagem. O nível três, mais usado, resiste a tiros de pistola Magnum 44 e submetralhadora Uzi III 40. O serviço custa R$ 50 mil.
Helena diz não ser paranóica, por isso nunca pensou em contratar segurança particular para não comprometer a vida particular.
Executivos pensam diferente, ou, na verdade, preferem não arriscar a vida. Cerca de 30% dos empresários do Rio contratam seguranças particulares. A mais utilizada é a escolta com três seguranças, um deles motorista. O serviço não é barato, aproximadamente R$ 27 mil mensais. O valor inclui: aluguel de carro quatro portas (R$ 2 mil), dos seguranças (R$ 9 mil) por 24 horas, durante 30 dias no mês. O uso do colete é recomendado. Os preços variam de R$ 500 a R$ 1,2 mil, de acordo com o nível de proteção de cada um.
“O mercado de segurança privada cresce 20% ao ano”, conta Alfredo Soares, diretor de operações de segurança do grupo Dinâmica. “A segurança ideal é a que deixa o motorista livre, fica muito difícil proteger a vítima quando se está ao volante.”
Quem tem um orçamento menor, vai desembolsar no mínimo R$ 4.5 mil, por 12 horas diárias, de trabalho de um segurança particular por mês. O mesmo preço vale para os segurança contratado para fazer a segurança da residência.
Para proteger a casa, existem sistemas simples para os menos abastados e mais complexos para quem pode gastar mais.
Um sistema simples é o de proteção perimetral, que envolve o lado externo da casa, com cercas eletrificadas ou invisíveis em determinados pontos da casa e câmeras espalhadas ao redor da residência. O custo da instalação é R$ 1 mil, a cada 100 m². A manutenção fica em torno de 1% do valor total. O invasor é filmado e a imagem, enviada para o celular do morador.
Outra opção, segundo Soares, é o monitoramento à distância. Se o ladrão invadir o local, a central avisará o dono da casa. A pessoa pode estar fora do país, e por meio do computador vai saber exatamente o que está acontecendo em cada cômodo da residência. A instalação custa R$ 7 mil e a manutenção mensal, 1% do valor.
“Condomínios luxuosos chegam a gastar de R$ 150 a R$ 200 mil mensais para garantir a segurança dos moradores”, cita Soares. “O Golden Green na Barra é um deles.”
Na maioria dos prédios, além do circuito fechado de televisão, há instalação dos sensores magnéticos pela área do condomínio, câmeras externas, portarias blindadas. Também há o controle de acesso de moradores via cartão – uma senha numérica é cadastrada, além do patrulhamento por viaturas e seguranças 24 horas por dia.
“O crescimento de alarmes foi de 70%”, afirma Bernardo Franceschin, consultor de segurança. “No sistema de alarme, há o botão do pânico, localizado no celular, internet, satélite ou telefone fixo, aciona a central de monitoramento.”
“Alguns prédios fazem a leitura da digital ou do globo ocular”, cita Franceschin, policial militar aposentado. De acordo com ele, os sistemas são mais comuns em estabelecimentos comerciais, onde a saída e entrada de pessoas é constante.
“Roubaram meu o carro dentro do condomínio”, conta Renata Cerasolli, 31 anos, moradora do Novo Leblon. Só de seguro do carro, a advogada paga anualmente R$ 2,3 mil e mensalmente R$ 750 de condomínio.
Origem: http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200802171003_JBO_66959391&idtel=
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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