Lojas para a classe média têm prejuízo de até R$ 6,7 bilhões por ano
O comércio varejista anda estarrecido com um crime que não aparece nas estatísticas policiais, mas tem contribuído para prejuízos que variam entre R$ 4,5 bilhões e R$ 6,7 bilhões por ano, o correspondente a 1% e 1,5% do faturamento do setor, de R$ 450 bilhões. As perdas são provocadas, sobretudo, por integrantes da classe média, notadamente jovens, bem nascidos e, na maioria dos casos, universitários.
Mas há também engravatados e senhoras de meia-idade — madames como frisam os vendedores de lojas —, que não se intimidam em enfiar na bolsa ou na pasta de trabalho, sem pagar, roupas, CDs, livros, relógios, jóias e bijuterias. “Infelizmente, esse tipo de furto é muito comum, apesar de não aparecer nas páginas policiais”, diz Irenaldo Pereira de Lima, diretor do Sindicato das Empresas de Segurança e Vigilância do Distrito Federal (Sindesp-DF).
Não é preciso fazer muito esforço para comprovar as palavras de Lima. Nas últimas duas semanas, o Correio percorreu mais de 20 estabelecimentos comerciais, a maior parte deles freqüentada pela classe média. Em todos, proprietários, gerentes e vendedores afirmaram que, ao contrário do que se pensa, não é o consumidor de baixa renda, com poder aquisitivo achatado, que lidera o ranking de furtos das lojas. “Que nada. O que mais pegamos nos shoppings ou em supermercados são pessoas das classes A e B tentando usufruir do que não lhe pertence. Quer dizer, furtando”, acrescenta Lima.
A conta, ressalta ele, acaba sendo paga pelas pessoas honestas, pois, por mais que os lojistas neguem, os gastos com segurança são incorporados às tabelas de preços do comércio. Por ano, as empresas de vigilância faturam R$ 6 bilhões, dos quais quase R$ 800 milhões no DF. “Uma loja mediana gasta, em média, R$ 5,5 mil por mês com segurança”, afirma. “Portanto, não há como dizer que os comerciantes absorvem todos esses custos, já que a margem de lucro do varejo é muito baixa, por volta de 2%”, reforça o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes.
O comércio adota diversas estratégias para lidar com os furtos, mas a denúncia à polícia, mesmo quando há flagrante, é a última opção. Em muitos locais os vendedores confessam constrangimento em abordar suspeitos. E, ainda que o furto seja desmascarado, a preferência é negociar com o criminoso ou seus responsáveis.
Pelos cálculos de Carlos Thadeu, os prejuízos estimados em até 1,5% do faturamento do comércio incluem, além dos furtos, a destruição de mercadorias e os arrombamentos em lojas. Dono da Free Corner, rede de oito lojas em Brasília que vende artigos esportivos, e presidente do Sindicato Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), Antônio Augusto de Moraes diz que, em menos de seis meses, foi vítima de três arrombamentos. No último, levaram mais de 100 peças. “Foi um grupo de jovens que agiu de forma muito rápida e desapareceu pelas quadras próximas à loja, sem que ninguém fosse preso. Isso, mesmo com todo o sistema de segurança eletrônica e pessoal que contratamos”, afirma.
Origem: http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2732781&sub=Economia
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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