Corpos de 10 mil brasileiros serão escaneados para orientar moda
Pesquisa começa no Rio e vai servir de padrão para indústria têxtil. Objetivo é mapear medidas e estabelecer diferenças em todo o país.
Sabe aquela sensação de passar do número 40 para o 42 – sem engordar ou emagrecer um quilo – apenas por experimentar uma roupa em duas lojas diferentes?
Se depender de uma pesquisa do Senai/Cetiqt (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), essa falta de padronização das medidas de brasileiras e brasileiros está com os dias contados.
Com a ajuda de uma máquina chamada “Body Scanner” – uma espécie de scanner corporal – uma equipe multidisciplinar fará uma medição eletrônica de dez mil pessoas, de diferentes estados e regiões do país. O estudo começará pelo estado do Rio, em até 30 dias, quando 2.500 cariocas e fluminenses serão medidos com o equipamento.
“O nosso objetivo é verificar como é o corpo do brasileiro, se existe muita diferença entre uma região ou outra. Visualmente a gente sabe que existe, no Sul as pessoas são um pouco mais altas do que no Nordeste ou Sudeste, por exemplo”, explica a designer de moda Amanda Vasconcelos. “Nosso objetivo é mapear o corpo brasileiro, medindo através do Body Scanner, equipamento de medição eletrônica. Posteriormente, a gente vai fazer uma análise estatística desses dados”.
Máquina será levada para shoppings e academias
Amanda conta que a escolha dos corpos a serem medidos será aleatória: o equipamento será levado para locais com muito movimento – como shoppings e academias. Homens e mulheres de 18 a 80 anos poderão ser escaneados na máquina que, à primeira vista, parece até um provador.
O cientista da computação Marcelo Souza da Silva conta que o processo é simples: a pessoa fica parada dentro do equipamento enquanto luzes se acendem e iniciam a leitura das medidas, por meio de 32 sensores.
Em poucos minutos, o modelo do corpo é transmitido para o computador, criando uma espécie de avatar – termo usado na internet para designar a representação gráfica que cada usuário cria para si mesmo. Só que, neste caso, ele reproduz as medidas exatas do corpo escaneado.
“O objetivo é conhecer as dimensões do corpo do brasileiro. Por que nós precisamos conhecer o corpo? É que só depois de conhecer o corpo é que podemos fazer a normalização de roupas, de medidas. Se fizermos normas sem esse conhecimento elas não têm consistência, nem credibilidade”, explica o pesquisador Gerson Pereira Abranches, do Instituto de Prospecção Tecnológica e Mercadológica do Senai/Cetiqt.
Medidas poderão ser unificadas
Segundo Abranches, a pesquisa poderá servir de base para que as medidas de confecções sejam unificadas no futuro.
“Depois de conhecido o corpo nas suas diversas segmentações, masculinas, femininas, classes sociais, classe econômica, região, podem se fazer normas como foram feitas nos Estados Unidos, na Europa. É uma discussão que parte depois do conhecimento do corpo. Cada um tem uma idéia de como é o corpo do brasileiro e cada um toma uma referência diferente então fica essa confusão que está no mercado”, explica.
De acordo com Flavio Sabra, coordenador do curso superior de modelagem do Senai/Cetiqt, a pesquisa começou a ser desenhada há dois anos. E, para esta nova etapa, a equipe de 12 pessoas contou com uma consultoria do especialista britânico Richard Allen, que participou de pesquisas semelhantes nos Estados Unidos e na Inglaterra.
No Reino Unido, população engordou e ficou mais alta
No Reino Unido, por exemplo, ele conta que pesquisas feitas com uma diferença de 50 anos revelaram mudanças relevantes nas formas da população.
“A última vez que fizemos a pesquisa no Reino Unido foi em 1951. E depois fizemos outra em 2001. Isso mostrou que as pessoas ficaram mais altas e mais pesadas. As pessoas não só estavam ficando maiores, como estavam divididas em mais tamanhos”, explicou Allen.
Roupas experimentadas pela internet
Mais do que uniformizar nossas medidas e conhecer um pouco mais o corpo do brasileiro, a pesquisa facilitará o processo de criação de confecções no computador. E, no futuro, possibilitará que as pessoas possam experimentar roupas com seus “avatares” na internet e comprá-las sem sair de casa.
“O modelista que hoje trabalha com a modelagem tanto no papel como no sistema, no computador vai poder desenvolver a modelagem de forma tridimensional, no computador, simulando esse trabalho, como se você tivesse trabalhando em cima do corpo da pessoa”, explica a designer de moda Patrícia Martins Dinis, especialista em modelagem.
“E as pessoas também vão poder ver o seu próprio corpo na tela ao comprar uma roupa, um acessório, via computador, pela internet. Tanto vai poder comprar uma roupa para ela como vai poder dar de presente para uma pessoa com a segurança de que a peça vai vestir bem, um amigo, um parente. O que hoje não acontece”.
Origem: G1
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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