ano e abre espaço para a criação e a exportação de tecnologias
brasileiras.
tecnologia reduz peso e preço dos coletes
A aposentada Teruko Kamitsujo,
de 63 anos, circulava pela região central de São Paulo em julho quando seu
Corolla foi alvo de pedradas numa tentativa de assalto. Mas, diferentemente do
que ocorreu alguns anos atrás, ela não teve a bolsa roubada: seu carro é
blindado. Comprar um carro com esse nível de proteção não era parte de seus
planos, mas Teruko mudou de ideia graças à queda do preço do serviço — cerca de
18 000 reais, um terço do valor da blindagem convencional. "Voltei a ter a
sensação de proteção que havia perdido", diz. Assim como ela, milhares de
brasileiros impulsionam o mercado de sistemas de segurança. No ano passado,
equipamentos e serviços movimentaram 20 bilhões de reais, alta de 40% em relação
a 2005. O que chama a atenção, além das cifras, é a origem da tecnologia. Boa
parte dos recursos vem das vendas de empresas brasileiras, que formaram um
celeiro de boas — e acessíveis — ideias. E agora elas ganham o mundo. De
blindagens a alarmes e sistemas de monitoramento, já não é incomum encontrar lá
fora o selo "made in Brazil".
Nas últimas duas décadas, foram feitos 1
038 pedidos de patentes de tecnologias de segurança no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (Inpi). Metade partiu de empresas nacionais. "O apoio da
polícia por aqui não chega tão rápido quanto em outros países e, com isso, as
companhias brasileiras tendem a desenvolver tecnologias para essa realidade",
afirma Selma Migliori, da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas
Eletrônicos de Segurança (Abese). O segmento de sistemas de monitoramento
movimentou mais de 3 bilhões de reais no ano passado e é o que mais cresce no
país. A inovação não vem apenas de grandes empresas. A Mirai Blindagens, nascida
na Incubadora Tecnológica Empresarial de Curitiba, criou e patenteou um sistema
de alarmes de baixo custo que detecta o momento exato do arrombamento e dispara
a sirene antes da entrada do invasor. O mecanismo custa 150 reais, um quinto de
modelos semelhantes, e pode ser adaptado para informar sobre a invasão pelo
celular ou pela internet. A expectativa é exportar para países da América do
Sul.
Embora ainda estejam distantes de Israel e Estados Unidos, os
líderes mundiais em tecnologias de segurança, as inovações brasileiras em
blindagens já conquistam espaço em países da América Latina e da África. O
Armura, um sistema para proteção de veículos desenvolvido pela DuPont do Brasil,
foi criado com o objetivo de oferecer proteção a clientes de classe média para
os crimes urbanos mais comuns, como sequestros relâmpago ou assaltos em
semáforos. A tecnologia de revestimento protege os motoristas e passageiros de
tiros de revólveres de calibres até 38 — que hoje correspondem a 70% das armas
em circulação em São Paulo. Tradicionalmente, a blindagem é um trabalho quase
artesanal. Leva quase um mês para ser concluída e é feita sob medida,
desmontando todo o carro e cortando a lataria. A DuPont criou placas
pré-fabricadas para certos modelos de carro (Corolla, Civic e Vectra), o que
reduz o tempo de instalação para quatro dias — a um terço do custo. A empresa
já tem planos de vender o Armura no México. Outra necessidade local atendida
pelas empresas brasileiras foi o barateamento dos coletes à prova de bala. A
DuPont também criou um material que permite a confecção de coletes à prova de
bala 20% mais leves e 5% mais baratos. A inovação não está apenas nas novas
fibras de Kevlar. Parte dos ganhos de eficiência está no sistema de fabricação,
modelagem e costura dos coletes, produzidos pela Companhia Brasileira de
Cartuchos. A CBC já vendeu cerca de 6 000 unidades dos novos modelos para
policiais brasileiros. Por enquanto a CBC não tem autorização para vender o
produto em outros países, mas a DuPont, detentora da tecnologia, poderá buscar
parcerias internacionais para seu material de origem brasileira.
Embora o
desenvolvimento de tecnologias de segurança esteja em franca expansão, práticas
de prevenção são raridade por aqui. E são justamente essas práticas que garantem
a eficiência dessas tecnologias. A construção civil ainda é um dos setores mais
vulneráveis, com práticas mais reativas do que preventivas. "Em 90% das invasões
a condomínios, falhas no projeto arquitetônico favorecem os crimes", diz David
Fernandes, consultor de segurança. A tecnologia por si só não garante a proteção
e são necessários planos envolvendo moradores e funcionários na mesma proporção.
Caso contrário, seria como andar num carro blindado sem trancar as portas.
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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