Professores e alunos de uma escola estadual de Santa Maria de Jetibá, cidade com pouco mais de 30 mil habitantes que fica na região serrana do Espírito Santo, vivem dias de Big Brother. Desde o início do ano, câmeras de vigilância foram instaladas nas salas de aula e também na sala dos professores.
A alegação da diretoria da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Alto Rio Possmoser seria de que os equipamentos são necessários por motivo de segurança.
No entanto, por se tratar de uma localidade pacata – os habitantes de Alto Possmosser, são, em sua maioria, agricultores de origem pomerana – o argumento não convenceu os professores.
Um deles, que prefere não se identificar, conta que na escola faltam recursos que poderiam ajudar na qualidade do ensino, mas nas câmeras foram gastos cerca de R$ 17 mil. "Lá não tem nem xerox, não tem data show e fazem um investimento para investigar professor. A diretora não tem autoridade para isso. Mas a diretora é sempre indicada, não há eleição direta para a direção, o que foi vetado pelo governador", diz o educador.
Ele conta também que as câmeras foram instaladas no mês de janeiro, durante as férias, o que surpreendeu a todos. O conselho da escola, formado por representantes de pais, alunos e professores, não foi consultado.
"Há câmeras em todas as salas e nos corredores também. Só não tem na sala da diretora", afirma o professor. Os monitores que captam as imagens ficam na secretaria do colégio.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), Swami Bergamo, avalia que a medida é invasiva e injustificável. "Essa política é muito ruim. Está violando o direito à individualidade, que é garantido pela Constituição. Isso não ajuda em nada na educação e pode ainda causar constrangimento aos professores e alunos", afirma.
A diretora da escola, Marlete Berger Kurth, foi procurada pela reportagem, mas uma funcionária informou que ela não estava no local na manhã desta quinta-feira (04).
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou, por meio de nota, que a prática não é comum às outras escolas estaduais e que a secretaria também não foi comunicada sobre a medida aplicada em Santa Maria de Jetibá. As câmeras teriam sido instaladas para preservar a infraestrutura do colégio. Nesta sexta-feira (05) deve haver uma reunião com a comunidade escolar e as câmeras podem ser retiradas.
Confira a nota da Sedu:
"A Superintendência Regional de Educação (SRE) de Afonso Cláudio informa que a direção da escola instalou os equipamentos com a única intenção de preservar a infraestrutura da unidade de ensino, uma vez que a escola está muito bem conservada. Entretanto, já nesta sexta-feira a direção vai se reunir com a comunidade escolar e retirar as câmeras dos locais que estejam, de alguma forma, causando algum tipo de constrangimentos".
A Superintendência Regional de Educação de Afonso Cláudio é a responsável pelas escolas da região. Ainda de acordo com a Sedu, na Grande Vitória há 58 câmeras de vigilância instaladas em escolas localizadas em áreas de risco, mas nenhuma delas está dentro de salas de aula. A orientação é para que os equipamentos fiquem em áreas frontais e em locais de circulação de pessoas.
Origem: http://gazetaonline.globo.com
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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