Segurança pública com câmeras privadas
Com a tecnologia IP, surgem novas idéias e se torna possível até mesmo compartilhar câmeras privadas com órgãos de segurança pública.
O Brasil já conta com um parque instalado de mais de 5 milhões de câmeras de vigilância e monitoramento. Na busca por segurança, já podemos dizer que a regra é ter câmeras, pelo menos no que se refere a empresas. Contudo, uma das principais limitações dos sistemas de vídeo-monitoramento atualmente é que eles não são capazes de evitar assaltos ou invasões, apenas esclarecem os fatos.
Porém, temos alguns exemplos que começam a mudar esse conceito de vigilância “passiva”. Na cidade de Atherton, na California, um programa governamental permite aos proprietários de negócios compartilharem suas imagens com a polícia. Em caso de alarmes, a polícia pode acompanhar o que está acontecendo em tempo real, permitindo uma ação mais eficiente e segura. Em Los Angeles, um programa semelhante leva as imagens de câmeras privadas para um equipamento instalado nas viaturas policiais. Quando chegam ao local do crime, os agentes têm a exata noção do que está acontecendo dentro do imóvel.
No Brasil, o que chegamos mais perto deste modelo é realizado apenas por empresas de segurança e monitoramento de alarmes, que acessam remotamente as imagens e identificam se há alguma atividade criminosa na residência do cliente, quando alarme é disparado. Esse serviço vem se tornando uma ferramenta importante à comunidade, pois permite imediato acionamento da polícia com evidências precisas, facilitando a operação policial. O modelo brasileiro, contudo, não está inserido dentro de um contexto de política pública e, portanto, sua eficácia depende da competência das empresas privadas em estabelecer um relacionamento de credibilidade com a polícia.
Grande parte das câmeras instaladas no Brasil pertence a ambientes privados: empresas, condomínios e residências. Porém, as imagens captadas pelas câmeras que são apontadas para áreas públicas são de interesse coletivo. Diversos crimes são esclarecidos por meio da recuperação de vídeos gravados por essas câmeras, mas eles poderiam ser prevenidos se houvesse um acesso on-line às imagens. Com compartilhamento em tempo real, acredito que os proprietários das câmeras seriam os maiores interessados em compartilhar suas imagens apontadas a áreas externas, pois conseguiriam, desta forma, obter um “policiamento virtual” de suas imediações. Teriam, portanto, todo o interesse na boa manutenção dos equipamentos e dos links para transmissão das imagens.
O que permite tudo isso é a flexibilidade proporcionada pela tecnologia IP para vídeo, presente nas câmeras de rede e em praticamente todos os novos DVRs. Com esta tecnologia, as câmeras deixam de estar fisicamente vinculadas aos equipamentos de reprodução e gravação de vídeo e passam a ser acessíveis de qualquer lugar com acesso à internet. Esse acesso às imagens é gerenciado por software e as regras de acesso e privacidade dependem apenas do desejo do proprietário dos equipamentos.
Com a tecnologia IP, surgem novas idéias e ampliam-se as possibilidades como, por exemplo, o compartilhamento de câmeras privadas com órgãos de segurança pública. Esse modelo de ação poderia se encaixar muito bem em nossas cidades, cujo investimento em sistemas de vídeo-monitoramento tem sido liderado pelo setor privado. O resultado seria a rápida expansão da cobertura de monitoramento público, sem a necessidade de investimento direto.
Engº Marcelo Peres
mpperes@guiadocftv.com.br
Editor do Guia do CFTV
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