O desafio de pesquisar horas de gravação feitas por câmeras de vigilância está se tornando mais fácil com as novas tecnologias de análise pós-eventos
A memória humana é falha. Em uma investigação, é comum que a polícia entreviste pessoas que fornecem informações contraditórias, embora tenham visto o mesmo crime. Crianças podem misturar a realidade com fantasia. Um vizinho com medo pode se calar. Enquanto o uso de câmeras de videomonitoramento IP está se tornando um dos pilares no combate ao crime e uma ferramenta bem-sucedida para prevenção de incidentes, a necessidade de contar com novas aplicações de análise pós-evento representa o próximo passo para tomar decisões eficazes, que permitam esclarecer os fatos ou identificar os responsáveis perante a Justiça.
Na indústria, já se fala em Análise de Conteúdo de Vídeos (em inglês, VCA – Video Content Analysis), que permite extrair o máximo dos investimentos feitos atualmente em segurança. Como? Automatizando o filtro de dados para extrair informações de forma mais precisa e rápida.
A análise pós-evento, com sua capacidade de buscar automaticamente fatos específicos em meio a um amplo conjunto de dados, está orientada à investigação forense. O processamento de vídeo se faz nos arquivos e pode alcançar resultados por meio de critérios ou atributos de pesquisa predefinidos. Um dos recursos que se podem obter com o VCA é a detecção automática de vídeo, uma maneira simples de detectar movimento em contraste com uma cena fixa. Outros recursos mais avançados incluem o monitoramento automático de pessoas ou veículos, e detecção de objetos.
Graças ao seu complexo sistema de algoritmos e sua capacidade de estabelecer parâmetros predefinidos, como a detecção de movimento, o reconhecimento facial ou o cruzamento de limites, entre outros, esta tecnologia facilita a complexa tarefa de identificar e rastrear pessoas, objetos e movimentos. Mas talvez o mais importante seja a capacidade de extrair, processar e sintetizar toda a informação relevante que possa ser a chave da análise de um incidente e sua solução.
Por outro lado, polícias que atuam em grandes cidades já estão usando um novo software chamado Video Synopsis, um tipo diferente de VCA que permite que o usuário reveja horas de vídeo em questão de minutos ao criar um resumo de um longo período de tempo. Na prática, é a representação simultânea de múltiplos eventos que ocorreram em momentos distintos, condensando horas de investigação para um processo de investigação inteligente.
De fato, procurar incidentes em horas extensas de material armazenado em vídeo é extremamente lento e pode se transformar em um pesadelo, uma vez que o responsável pelo monitoramento ou segurança tem que dedicar um tempo considerável e, muitas vezes, trabalhar na base na intuição e de padrões pouco precisos. Com essa nova ferramenta, pode-se filtrar objetos de acordo com atributos pré-definidos, como a cor da camisa, a direção para a qual o suspeito seguiu, a velocidade (se ele passou correndo, por exemplo), o tempo de permanência em um local etc.
Softwares como o Video Synopsis facilitam a vida dos usuários, que podem rever horas de vídeo em poucos minutos – um fator crítico na análise de um atentado terrorista, crime ou roubo. De modo que, quando surge a necessidade de buscar gravações antigas, o software otimiza a procura por suspeitos ou atitudes delinquentes ao longo de dias de gravação, o que permite à polícia um avanço em suas investigações e dá à sociedade a rápida resposta que se espera nos casos de grande comoção.
Isso foi comprovado em 2013 pelas autoridades de Massachusetts, nos Estados Unidos, após os ataques na Maratona de Boston, que analisaram as imagens de câmeras de segurança para extrair os dados que contribuíram para esclarecer os fatos e identificar os responsáveis durante as investigações conduzidas pelo FBI.
Isso também está sendo comprovado pelas autoridades responsáveis pelo novo sistema de videomonitoramento IP na Estátua da Liberdade, em Nova York. Para garantir a segurança e a proteção dos visitantes, algumas funções foram incorporadas às câmeras, no intuito de ajudar as forças de segurança a monitorar o tráfego, controlar as pessoas nas filas, contribuir para uma operação segura no ferry boat, e encontrar crianças e pessoas perdidas, tanto na ilha quanto no interior da estátua.
origem: http://netseg.com.br/not.php?id=6952
Sirlei Madruga de Oliveira
Editora do Guia do CFTV
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