A vida nunca foi tão fácil para espiões e tão difícil para paranoicos. Há câmeras por todos os lados -da babá eletrônica ao celular no bolso- e nenhuma delas é completamente imune a invasões.
O medo de estar sendo observado já criou um mercado: só na loja virtual da Amazon, há pelo menos seis produtos diferentes para bloquear a lente de computadores, tablets e smartphones.
Há ainda técnicas mais rudimentares, como a do diretor do FBI, James Comey, que disse usar um pedaço de papel sobre a câmera do laptop.
“Qualquer câmera num dispositivo com acesso à internet é vulnerável, o que muda é o grau de complexidade da invasão”, afirma Thiago Tavares, presidente da ONG Safernet, que recebe denúncias de crimes cibernéticos. Segundo ele, a organização tem relatos desse tipo de ação no Brasil desde 2008.
Câmeras de segurança privadas e babás eletrônicas são as mais suscetíveis porque costumam ser protegidas por senhas fáceis -não raro, pelo padrão de fábrica (como “123456”)-, segundo Tavares.
Em janeiro, o departamento de questões ligadas ao consumidor de Nova York emitiu um alerta orientando pais a adotar precauções após receber relatos de estranhos invadindo os monitores das crianças e até conversando com elas no meio da noite.
Senhas complexas, com letras, números e símbolos, são o primeiro passo para se proteger, de acordo com Nelson Barbosa, especialista em segurança da Norton. Ele também recomenda configurar o roteador para que a rede wi-fi fique em modo oculto.
No caso de computadores e tablets, o acesso costuma ocorrer do mesmo modo que uma infecção por vírus: o download de programas ou arquivos mal-intencionados.
Falhas de sistema e redes desprotegidas também são portas de entrada para hackers, segundo Miriam von Zuben, analista do CERT.br (Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança), ligado ao Comitê Gestor da Internet.
Para se prevenir, o conselho é: mantenha o antivírus, o antispyware e o firewall ativos e atualizados e não se conecte a redes desconhecidas.
Nos smartphones, a espionagem acontece por meio de aplicativos com acesso à câmera e ao microfone.
É normal que apps populares, como WhatsApp e Instagram, usem áudio e fotos. Já um jogo de corrida, por exemplo, é suspeito, segundo Lucas Teixeira, da CodingRights, organização com foco em direito e internet.
Nas configurações dos sistemas iOS, do iPhone, e do Android 6.0, do Google, o usuário pode ver quais programas utilizam a câmera e o microfone e desautorizar o acesso (veja ao lado).
DIVERSÃO?
As razões mais comuns para invasão de câmeras são perseguição, chantagem e “até mesmo diversão”, afirma von Zuben, do Cert.
Independentemente da motivação, o ato é crime com pena de detenção de três meses a um ano, além de multa.
Quem for vítima de espionagem deve em primeiro lugar desligar o aparelho suspeito, segundo Barbosa, da Norton, e não apagar as ameaças e eventuais evidências que possam ajudar na investigação.
O segundo passo é procurar de preferência uma delegacia especializada em crimes cibernéticos.
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Fui espionado, e agora?
Se você foi espionado ou desconfia de que possa ter sido, desligue o dispositivo invadido e acione uma delegacia especializada em crimes cibernéticos (lista completa em www.safernet.org.br ) ou, se não for possível, a polícia comum. Se você foi alvo de ameaças, não apague as mensagens recebidas –elas são evidências.
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PREVINA-SE
Veja como evitar que sua câmera e microfone sejam invadidos:
No wi-fi: Configure seu roteador para que a rede seja oculta e use senhas difíceis, com letras, números e símbolos. O site howsecureismypassword.net avalia a ‘força’ do seu código
No celular: Baixe aplicativos apenas das lojas oficiais App Store (para iOS) e Google Play (para Android). Libere o acesso a foto e áudio apenas quando for necessário (como no Instagram),
Como configurar seu celular (iOS): Ajustes > Privacidade > Microfone/Câmera
Como configurar seu celular no Android 6.0: Configurações > Dispositivo > Apps > Clique no ícone engrenagem > Permissões do app > Microfone/Câmera
*No tablet e computador: Tampe a sua câmera com um pedaço de papel adesivo. Mantenha o pacote de segurança (antivírus, antispyware e firewall) ativo e atualizado. Não baixe programas ou arquivos de origem desconhecida. Não autorize sites a terem acesso aos seus dispositivos, a não ser que seja necessário (caso do Skype).
Em câmeras de segurança e babás eletrônicas: Use uma senha forte para acesso à rede. Nunca deixe o código da fábrica.
origem: http://nic.br/noticia/na-midia/camera-de-celular-e-ate-baba-eletronica-sao-alvos-de-hackers/
Sirlei Madruga de Oliveira
Editora do Guia do CFTV
sirlei@guiadocftv.com.br
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