Tecnologia reaproxima familiares e pacientes da Covid-19 em hospital de campanha em SP
Maria Lúcia Farias abre um sorriso ao olhar para um tablet: depois de quatro dias internada com o novo coronavírus em um hospital de campanha em Santo André (SP), ter aquele aparelho em sua frente significava que, finalmente, ela poderia se comunicar com a família.
Em meio às diversas dificuldades físicas que a Covid-19 representa, o isolamento torna a luta contra a doença ainda mais complicada. Por isso, os profissionais do hospital instalado em um ginásio da cidade no ABC Paulista passaram a utilizar o recurso tecnológico como forma de diminuir a distância dos familiares.
“Eu não tinha conseguido falar ainda com a minha família, e agora, hoje, eu fiquei muito feliz, porque eu falei duas vezes”, conta ela com um sorriso.
A rotina pesada em Santo André é dividida entre a alegria por pacientes que apresentam melhora e têm alta, traduzida por séries de aplausos dos próprios colegas de leitos, e a apreensão pela chegada de novas pessoas infectadas pelo coronavírus.
Em meio às movimentações incessantes de profissionais da saúde na quadra esportiva ocupada por leitos, o superintendente dos hospitais de campanha de Santo André, Victor Chiavegatto, comemora o recurso encontrado para que os pacientes revejam suas famílias de forma virtual.
“Ele (paciente) tem que ficar aqui, isolado do mundo — num bom tratamento, mas a gente sabe que é muito difícil ficar sozinho. Então ele pode conversar com a família nesse momento, e depois o médico liga e conversa com a família para passar o boletim médico”, disse Chiavegatto, paramentado com equipamentos de proteção.
Maria Lúcia não foi a única privilegiada em conversar com a família pelo tablet. Alguns leitos ao lado, outro que se alegra ao ver seus entes queridos é Fabiano Santana de Souza, que faz um pedido para quem está do outro lado da linha: “Guardem um pedaço de bolo.”
Enquanto ele enfrenta a Covid-19 no hospital de campanha, a filha comemora 12 anos de idade em casa. O presente de Fabiano foi mostrar que, apesar da tosse seca que o acomete a cada dúzia de palavras, ele está se recuperando.
“Hoje a gente conseguiu fazer essa videoconferência… Dá um alívio grande, saber que está todo mundo bem, tudo em paz. E é uma forma de eles saberem também que a gente está se recuperando”, afirmou.
A alegria no rosto pela reaproximação com os familiares diante de uma situação tão difícil é também uma interferência positiva para a recuperação dos pacientes, algo que está diretamente ligado ao estado emocional de cada um deles, segundo a psicóloga Rita Calegaria, que acompanha as videoconferências.
origem: Terra
Sirlei Madruga de Oliveira
Editora do Guia do CFTV
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