Startups de segurança cibernética ganham espaço e devem atrair investimentos nos próximos anos
O segmento de Segurança da Informação mostra-se promissor no Brasil; os recentes ataques aos dados dos brasileiros demonstram a importância da adoção de medidas de prevenção
Em vigor desde agosto do ano passado, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) tem o objetivo regularizar e proteger os dados coletados, prevendo punições em incidentes de segurança, como os dois episódios ocorridos no início do ano, o vazamento de dados de 223 milhões de brasileiros e do Nubank, que teria exposto CPFs de inúmeros clientes da empresa.
Nesse cenário, a Mindset Ventures , gestora internacional de venture capital, com sua expertise no investimento de startups com tecnologias disruptivas, acredita que o setor de segurança cibernética estará entre os mais promissores para investimentos, bem como, na criação de startups na próxima década, como a israelense 1touch, que oferece tecnologia para rastrear informações sensíveis nos bancos de dados das empresas. Impulsionada pelo enrijecimento da Lei e, também, pela notoriedade do assunto, a startup já se prepara para ampliar a atuação no Brasil.
A partir da LGPD, observa-se, ainda, um movimento no qual as organizações passam a buscar soluções para proteger tanto suas próprias informações internas quanto as de seus clientes, o que se intensificou durante os últimos meses em decorrência do trabalho remoto. De acordo com a Business Insider, antes da pandemia, menos de 40% das companhias apoiavam o home office, enquanto que um estudo recente da PwC mostra que, hoje, 83% dos empregadores são a favor.
Para o CIO da Mindset Ventures, Daniel Ibri, o sistema de trabalho remoto oferece riscos às empresas. “Esperava-se que a adoção em larga escala do home office demorasse mais de uma década para se tornar realidade, mas o contexto pandêmico parece ter antecipado essa tendência” “Para nós, esse fato fica evidente ao notar que entre as nossas startups relacionadas ao trabalho remoto o faturamento cresceu 15 vezes em apenas um ano”, afirma Daniel.
Com os funcionários utilizando tanto dispositivos pessoais quanto do empregador em casa e em redes Wi-Fi particulares desprotegidas, as empresas ficaram mais expostas a ataques a seus dados. Segundo levantamento da Kaspersky, de fevereiro a abril de 2020, a média diária de ataques direcionados ao RDP (Remote Desktop Protocol) passou de 400 mil tentativas para mais de 1,7 milhão.
A proporção de empresas que devem aumentar o investimento em proteção cibernética em 2021 atingiu 57% ao redor do mundo, segundo a PwC. “Nós identificamos não apenas uma grande quantidade de relatos sobre aumento da vulnerabilidade das empresas, como também diversas startups desenvolvendo soluções de segurança”, afirma Ibri. De acordo com a Grand View Research, o mercado de segurança cibernética deve crescer anualmente em uma taxa de pelo menos 10% até 2027.
A gestora vem investindo continuamente em empresas relacionadas à segurança cibernética, cujas soluções vão desde a proteção de pen-drives, mouses e outros dispositivos, até a completa recuperação de diretórios. Apesar de oferecerem aplicações diferentes, todas possuem um diferencial em comum: o uso de inteligência artificial para combater as ameaças, uma prática que deve crescer mais de US﹩ 38 bilhões até 2026.
No primeiro trimestre de 2020, o Brasil sofreu mais de 1,6 bilhão de ataques cibernéticos e a América Latina 9,7 bilhões, ou seja, um latino americano sofre, em média, 5 ataques por mês, o dobro do que sofreria um brasileiro, ainda assim, os números são alarmantes. “Da mesma forma que a tecnologia se desenvolve continuamente, os hackers também criam formas cada vez mais sofisticadas de ataque. No final, ganha a corrida quem evolui mais rápido. Sem o uso de inteligência artificial, acho improvável alguém estar à frente”, menciona o CIO.
Com base nos dados do mercado global e local, fica claro que o setor de tecnologia tem se desenvolvido em velocidade exponencial. “A segurança cibernética é uma questão latente, independente da tecnologia. Hoje a questão não é mais se a empresa sofrerá um ataque cibernético, mas quando ela sofrerá”, destaca o executivo.
De acordo com dados do Distrito, as startups do mercado brasileiro captaram US﹩ 3,5 bilhões em 2020, superior aos US﹩ 2,97 bilhões do ano anterior. Assim, de acordo com Ibri, a crescente importância da tecnologia em nossas vidas em 2021 poderá levar a um recorde de investimentos de venture capital.
Startups de cibersegurança para ficar de olho
1touch: a startup americana consegue rastrear informações sensíveis nos bancos de dados das empresas e identifica os locais em que estão salvas, evitando que a empresa perca o controle das informações e diminuindo as chances de vazamento. Uma aplicação direta para a LGPD.
D-ID: fundada em Tel-Aviv, Israel, a startup desenvolveu uma tecnologia que altera os dados de fotos e vídeos, tornando os arquivos irreconhecíveis pelos sistemas automáticos de reconhecimento facial, sem que a foto ou vídeo sofra alterações visuais.
Eclypsium: a startup americana faz o controle e proteção em larga escala dos firmwares, que são as dezenas de softwares dos hardwares embarcados em cada computador. Dada a quantidade de firmwares existentes em cada aparelho,eles geralmente permanecem desprotegidos e desatualizados inclusive dentro de ambientes corporativos. Muitos dos grandes ataques recentemente realizados são feitos via firmware. A Eclypsium é a única ou uma das únicas empresas que possuem uma solução deste tipo.
Semperis: permite que as informações salvas nos diretórios de uma empresa sejam recuperadas em tempo recorde caso haja alguma pane no sistema, seja por danos físicos ou por ataques cibernéticos. Hoje em dia, os profissionais geralmente recuperam as informações por meio do Active Directory da empresa, que interliga todos os diretórios da companhia. A recuperação por esse meio geralmente é lenta, trabalhosa e pode demorar dias para ser feita, até que a empresa “volte ao ar”. Por meio da Semperis, a recuperação via Active Directory é feita de forma extremamente simplificada, tomando uma fração do tempo que demoraria em vias tradicionais.
SAM: faz proteção das casas dos clientes por meio do roteador. Ou seja, no lugar de fornecer um antivírus a ser instalado em cada um dos computadores, fornece um software que é instalado no roteador do usuário e que protege todos os aparelhos conectados a ele de ataques cibernéticos.
Sepio: protege computadores contra componentes que até então poucas pessoas sabem que podem ser meios de ataques cibernéticos, como pen-drives, impressoras, mouses e outros dispositivos conectados em computadores.
origem: https://www.segs.com.br/info-ti/280868-startups-de-seguranca-cibernetica-ganham-espaco-e-devem-atrair-investimentos-nos-proximos-anos
Sirlei Madruga de Oliveira
Editora do Guia do CFTV
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