Com o filhote a tiracolo, uma fêmea de macaco-prego faz seu caminho pela floresta até subir numa árvore em busca de alimento. Este pode até parecer um registro comum, mas a cena ganha contornos inéditos por representar um importante passo no conhecimento sobre a Amazônia.
Trata-se do primeiro registro feito por um sistema pioneiro para monitorar a biodiversidade em tempo real.
O projeto Providence, colaboração científica internacional liderada no Brasil pelo Instituto Mamirauá, é formado por uma rede de sensores instalada na floresta amazônica.
Os módulos da tecnologia Providence são equipados com câmeras e microfones, que vão captar, 24 horas por dia, o movimento e o comportamento da vida que habita o interior da floresta.
O grande avanço trazido pela tecnologia é a sua capacidade de identificar espécies de animais por imagem e som e transmitir essas informações automaticamente, por satélite, WiFi ou 3G. A ideia é criar um observatório da biodiversidade da Amazônia de fácil acesso para a sociedade.
O Providence é composto por dois módulos de imagem e som que operam em conjunto para gravar e identificar espécies da fauna. Graças ao clima quente e úmido da Amazônia, o sistema é alimentado com painéis de energia solar. Para evitar consumo desnecessário, parte dos dispositivos funciona em estado semidormente, ou seja, é ativada somente quando um animal se aproxima. Completando a estrutura, antenas transmitem os dados – fotos e áudios – para o banco de dados do projeto.
Para a comunicação ser bem-sucedida, as antenas da tecnologia foram instaladas em pontos altos da floresta, em geral, árvores de grande porte, a exemplo da urucurana e do apuí. “Um módulo sonoro também foi implantado dentro de um lago para registrar sons de espécies subaquáticas, como o boto cor-de-rosa e o tucuxi,” explica o pesquisador Michel André, do Laboratório de Aplicações Bioacústinas da Universidade Politécnica da Catalunha, que integra a colaboração.
André lembra que as tecnologias de som são um valioso recurso de monitoramento uma vez que conseguem alcançar distâncias maiores de captação do que os dispositivos de imagem. “Então, mesmo que não tenhamos a imagem do animal, seremos capazes de identificá-lo pelo som que ele emite.”
Os módulos de som do Providence têm dois microfones – um para frequências sonoras audíveis por seres humanos e outro para sons que escapam aos nossos ouvidos, como os produzidos por morcegos.
Já os módulos de imagem são “os olhos” do sistema e estão habilitados para filmar à luz do dia, na escuridão da mata à noite (com o auxílio de lentes infravermelho) e mesmo em condições climáticas adversas, como em temporais. “Com os testes feitos ao longo do ano passado até o momento, conseguimos adaptar os equipamentos às condições desafiadoras da Amazônia,” ressalta o cientista Paulo Borges, da organização científica CSIRO, da Austrália.
A identificação das espécies é feita por um sistema de inteligência artificial desenvolvido pelo Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas. O sistema, de acordo com a pesquisadora Eulanda Santos, está sendo treinado para reconhecer espécies de animais característicos da Amazônia, como a onça-pintada e o mutum.
Origem: Inovação Tecnológica
Marcelo Peres
mpperes@guiadocftv.com.br
GuiadoCFTV
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