Carlos Abellan, cofundador da QuSide, empresa dedicada à cibersegurança e integrada na Quantum Flagship europeia, garante que: «A Internet quântica será o culminar de uma série de tecnologias que estão em desenvolvimento».
Em plena Segunda Guerra Mundial, Alan Turing e a sua equipa foram recrutados pelos serviços secretos britânicos para tentar vencer a poderosa máquina Enigma. Idêntica a uma máquina de escrever, o exército de Hitler utilizava-a para encriptar as suas mensagens e ataques durante a guerra. A configuração da Enigma era mudada todos os dias e o seu mecanismo, formado por vários rotores modificáveis, permitia 159 triliões de combinações possíveis a cada 24 horas. Dez homens dedicados a ela todo o dia demorariam 20 milhões de anos a decifrar o código. Turing, pai da computação atual, percebeu que a única forma possível de vencer uma máquina era com outra máquina. Foi por isso que criou Christopher, a primeira máquina batizada como “Bombe”, capaz de decifrar todos os códigos encriptados pela Enigma.
Hoje, quase 70 anos depois desta façanha que mudou o curso da História, todo o mundo está empenhado na corrida pela liderança da próxima fase da computação: a quântica. Uma tecnologia cujo interesse, para além de tentar compreender em que consiste, assenta nas suas poderosas aplicações. As que mais interessam às diferentes potências mundiais vão desde a encriptação de comunicações ao desenho de novos fármacos personalizados, passando pela possibilidade de desenvolver uma inteligência artificial mais intuitiva e precisa.
Nessa corrida encontra-se a Europa – algo atrasada em relação à China e aos EUA –, que lançou em 2018 a Quantum Flagship, uma iniciativa da União Europeia para a investigação na área quântica com um orçamento de mil milhões de euros ao longo de 10 anos. Carlos Abellan, cofundador da QuSide, empresa dedicada à cibersegurança e integrada na Quantum Flagship europeia, garante que “a Internet quântica será o culminar de uma série de tecnologias que estão em desenvolvimento.” Diz-se que será impossível piratear a rede quântica e que esta viajará à velocidade da luz, mais ainda faltam alguns anos para o comprovar. “Há quem diga que, dentro de dez anos, teremos um computador quântico, mas já o diziam há dez anos. O que sei é que haverá um computador quântico num prazo mais curto, mas não tem de ser um computador quântico universal”, refere Abellan. Universal ou não, a primeira geração de computadores quânticos será capaz de realizar certas ações mesmo antes de alcançar o seu pleno desenvolvimento. Ações como a encriptação de mensagens, algo que, se Turing ressuscitasse, seria um desafio ainda maior do que decifrar a Enigma.
Texto: Azahara Mígel
Origem: Exame Informática
Sirlei Madruga de Oliveira
sirlei@guiadocftv.com.br
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