Veja tudo que aconteceu no 1° Conexão Abese Online
Veja tudo que aconteceu no 1° Conexão Abese Online
O evento reuniu mais de 25 convidados em 9 painéis temáticos pensados exclusivamente para a Segurança Eletrônica
A 1° edição do Conexão Abese Online reuniu mais de 25 convidados em 9 painéis virtuais que movimentaram o setor da segurança eletrônica entre os dias 1 e 3 de setembro. Com o tema “Conecte-se com o futuro da segurança eletrônica”, o evento transmitiu debates sobre Gestão, Tecnologia, Tendências, Inovação, Indústria 4.0 e Marketing, Estratégias de Sucesso com os principais especialistas do segmento, além de abrir espaço para networking através de Rodadas de Negócio entre o público e os patrocinadores.
O evento contou com o apoio da Abloy, Exposec, Citrox, Bairro Seguro, Fulltime, Getrak, HID, PPA, Moninf, Virtueyes, ifaseg e Segware. Confira os destaques dos três dias de evento:
Modelos estratégicos dos novos tempos
O painel de abertura do evento ofereceu a oportunidade para que os empresários do setor aprendessem com o empreendedor Renato Santos, proprietário da Moai Participações e co-autor do Empretec, principal programa de formação de empresários em todo o mundo, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU), além de colaborador do SEBRAE há 25 anos, sobre como pequenas e médias empresas precisam agir diante do cenário atual para saírem fortalecidas após a pandemia e quais as oportunidades inexploradas do momento para o mercado.
O convidado realizou um panorama do cenário de empreendedorismo nacional, marcado pela relevância das pequenas, micro empresas e empreendedores individuais (MEIs) que correspondem a 99% de todas as empresas brasileiras e mais de 90% do total de empregos da economia privada se excluirmos o setor público e profissionais liberais – assim, representam cerca de 27% do PIB do país.
O debate contou com a presença da Presidente da Abese, Selma Migliori, que representou os interesses da segurança eletrônica e compartilhou as perguntas enviadas pelo público. Durante a conversa, Migliori lembrou que o setor compreende um mercado que cresceu 8% no último ano e gera 300 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos, sendo que mesmo durante a pandemia observou o crescimento na procura de novas demandas voltadas à pandemia – oportunidade que surgiram graças a rapidez com que as pequenas e micro empresas conseguem se adaptar.
Renato Santos explicou que, contra o senso comum, quanto mais inovador é o segmento, mais favorável ele se torna para pequenas empresas e parabenizou a segurança eletrônica. “O senso comum nos leva a crer que os segmentos de alta inovação são comandados pelas grandes empresas reinam, mas é o oposto. Quando a gente fala de um setor cresceu 8%, estamos dizendo que cresceu mais do que economia da China – que é a que mais cresce ao ano no mundo”, comentou.
Sobre as recomendações e oportunidades para o empresariado brasileiro. De maneira geral, o especialista lembrou que o Brasil está alguns anos atrasado em relação a outros países e, apesar de exigir mais, é uma oportunidade para que empreendedores olhem para outros mercados para buscar inovações para serem concretizadas por aqui. “Quando me perguntam a principal habilidade para ser inovador, eu considero que é viajar e entrar em contato com outros países, outras culturas, visitar concorrentes e ver como eles resolvem os problemas que você está resolvendo aqui. Essa é uma maneira segura para inovar”, explicou.
Nesse sentido, Selma Migliori lembrou aos participantes que a ABESE – antes da pandemia – realizava Missões empresariais com empresários para Itália, China, Londres e outros mercados de interesse ao segmento, com uma agenda conectada à inovação, visitas técnicas em industrias, empresas prestadoras de serviços e órgãos governamentais, além de visitar as feiras de segurança, entre outras oportunidades, mas que poucas empresas compreendem o valor deste tipo de experiência. Sobre essa falta de interesse de alguns empreendedores, Renato Santos alertou que é necessário ter foco em inovação porque a tendência é, devagar, ir perdendo a relevância – por isso, é preciso investir parte da receita da empresa em inovação e atualização e essas viagens são fundamentais.
“O empresário pode perder a relevância em 2 ou 3 anos se não investir em inovação, atualização. Por exemplo, existem mercados mais desenvolvidos no IOT, como a Califórnia, Finlândia, Coréia do Sul e Shenzhen, na China. É preciso visitar esses lugares para fazer negócios, conhecer novos parceiros e depois de 8 ou 9 meses oferecer novos produtos ou novos serviços ao público nacional. Os empreendedores que participam desse tipo de atividade são os lideram o mercado, é preciso colocar parte da energia em tendências e focar no que determinado nicho de mercado tem de novo”, resumiu Santos que definiu o empresário brasileiro como um pouco ensimesmado, com dificuldade para olhar para fora.
Outro tema trazido pelos espectadores foi a questão da resistência de alguns profissionais às Portarias Eletrônicas. Na visão de Renato Santos esse comportamento acontece em vários setores, como os de call center contra as soluções de atendimento digital e que é importante entender que existem diferentes ângulos de analisar essa situação. “Na minha visão pessoal, a transformação digital vai acontecer de qualquer maneira, a proibição sob o pretexto de segurar empregos acelera o inverso. Ao proibir que o consumidor acesse um serviço mais barato ou mais eficiente, a empresa em questão se enfraquece perante a concorrência local e internacional e, deste modo, acaba fechando em cerca de 5 anos e demitindo de vez todos os colaboradores”.
Para evitar este tipo de dinâmica, receita que é preciso admitir que a inovação chegou e que algumas funções desaparecem, mas apenas a função e não os colaboradores que podem ser treinados e realocados em novas posições. “Esse pode ser um desafio, mas a longo prazo é a melhor opção e a mais sustentável. A questão não é proibir, mas preparar para a mudança, mesmo que isso atrase a substituição em alguns semestres”, finalizou.
Soluções tecnológicas para o Poder Público e a regulamentação do setor
O segundo painel do dia abordou a interseccionalidade entre Segurança Eletrônica e Poder Público. Com a presença de Cláudio Ricardo de Lima, Presidente da Fundação Citinova – que tem status de Secretaria de Inovação e Tecnologia no Município de Fortaleza; e do Secretário Adjunto da Secretaria de Segurança Urbana do Município de São Paulo, Coronel Celso Aparecido Monari; além da mediação da Presidente da Abese, Selma Migliori, que iniciou a discussão explicando como a segurança eletrônica já atende às principais demandas de gestão de segurança pública e qual o impacto da aprovação do Estatuto da Segurança Privada para a consolidação de novas oportunidades.
“Já existem exemplos de municípios brasileiros que recebem o retorno do investimento em segurança eletrônica para a gestão pública, mostrando de uma vez por todas tecnologia e segurança pública são indissociáveis. Por isso, a Abese co-fundou o programa Nacional de Inovação Terra2Inova, com o objetivo de desenvolver ações, engajamento com os diversos atores do ecossistema de inovação nacional como academias, Centros de pesquisas, empresas de tecnologia e comunicação e Instituições de Fomento”, comentou Selma Migliori.
Participante do Programa de Inovação, a cidade de Fortaleza se consolida como extremamente aderente à tecnologia, com sua própria nuvem, repartições públicas conectadas e a ampliação de espaços de wi-fi livre para conectar à população ao poder público. “Ciência e tecnologia importam para o todos e, inclusive para o setor público. Deste modo, a inovação é um bem importante para a sociedade hoje e é difícil imaginar uma cidade complexa como fortaleza sendo administrada sem tecnologia – que melhora a qualidade do serviço público oferecido e garante escalabilidade, ou seja, que alcance a todos. Assim, é através de Políticas Públicas que conseguimos incluir a população socialmente e digitalmente”, explica Cláudio Ricardo de Lima.
Para a Segurança Eletrônica, Selma Migliori ressaltou a necessidade de qualificação profissional para esta nova realidade de uma cidade conectada, para que existam profissionais aptos para a instalação de inovações, ainda mais em larga escala. Nesse sentido, Lima lembrou que é importante contar com as empresas em projetos de formação: “As empresas podem colaborar porque é interessante para elas ter mão de obra qualificada. Parabenizo a Abese nesse esforço conjunto para ampliar as oportunidades de qualificação. Nós temos feitos experiências pilotos em Fortaleza com o apoio do Programa Terra2Inova e parcerias como esta são importantes”, finalizou.
Já em São Paulo, a parceria aconteceu na consolidação do Programa City Câmeras, que é reconhecidamente um marco disruptivo no país no que tange ao videomonitoramento urbano. “Se trata de um programa colaborativo que permite com que qualquer cidadão ou empresa possa disponibilizar sua câmera para integrar sistema de monitoramento de segurança pública. Existem estudos que estimam 1 milhão de câmeras de videomonitoramento na cidade e, com a ferramenta, essas imagens podem ser compartilhadas em tempo real para colaborar com a segurança pública”, explica o Coronel Celso Aparecido Monari.
O Secretário Adjunto ressaltou o resultado efetivo do investimento na redução da criminalidade e destacou que a população está crescendo e a única maneira da gestão pública atender toda demanda é através da tecnologia. “De janeiro a junho registramos redução de 19,3% dos crimes de oportunidade. E na taxa de homicídios, principal medição internacional de violência, observamos a redução sistemática, chegando a menor taxa do País que é de 5,5 homicídios a cada 100 mil pessoas em 2019 e a 3,3 de Janeiro a Junho deste ano. Com isso, São Paulo dá o exemplo de como a tecnologia e o envolvimento da comunidade, o trabalho da polícia militar civil e da guarda municipal é essencial para a nova gestão de segurança pública”.
Para finalizar, a Presidente da Abese evidenciou que se mesmo com os impasses que a falta de regulamentação impõe, o segurança eletrônica consegue colaborar – e ser relevante ao poder público – assim, após a aprovação do Estatuto da Segurança Privada que insere definitivamente a segurança eletrônica como um pilar independente dentro da segurança privada, será possível estender o alcance da tecnologia para todo Brasil garantindo o bem-estar social e o crescimento sustentável do setor e das ofertas de emprego.
Marketing Digital para serviços especializados
Com o intuito de oferecer conteúdos práticos para o dia-a-dia da Segurança Eletrônica, o Conexão Abese realizou um debate sobre como impulsionar resultados através do Marketing Digital. O painel contou com a expertise de Lucia Haracemiv, Sócia Fundadora na DNA de Vendas, DNA for Small e DNA for Marketing; e de Rosangela Florczak, Professora Doutora e Mestre em Comunicação pela ESPM e à frente da Aberje e Verity Consultoria, além da mediação de Rodrigo Saporiti, Especialista em Vendas e Diretor comercial na CooperaCom.
Para iniciar a conversa, Lucia Haracemiv lembrou que Marketing Digital e Vendas são indissociáveis. “Eu nunco olho Marketing Digital separado de Vendas e vice-versa. O mundo já é digital, nós buscamos soluções para os nossos problemas na ponta dos dedos, nos smartphones. Se o cliente está online, a empresa também deve estar online, priorizando estratégias dentro de um contexto de investimentos que tenham retorno”. Como dicas práticas, a especialista recomendou que a empresa esteja no Google através do serviço gratuito de localização georreferenciada da plataforma que é gratuito, entre outras iniciativas.
A exposição da professora Rosângela Florczak lembrou da “Era do Cancelamento” e a importância de estar bem assessorado para evitar um posicionamento problemático nas redes. “Assim como a venda está na ponta dos dedos, o escândalo também. Há um potencial de riscos que precisam de mapeamento e, mais importante, estratégias de prevenção. É preciso aprender a blindar a marca para trabalhar o marketing digital e de vendas de forma segura. Para isso, é necessário manter o monitoramento diário das mensagens e delegar uma equipe para responder todas de maneira profissional”, ensinou.
Simplificando a segurança e saúde condominial
O primeiro painel do segundo dia de Conexão Abese Online trouxe o Coordenador do Comitê Conselho de Síndicos da Abese e Consultor Condominial na SIG Engenharia de incêndio, Edmilson Hornhardt, para mediar um debate entre Leandro Santos, CEO da empresa EqualiPro Consultoria com expertise em projetos de segurança; Robério Cavalcante, Administrador, Síndico Profissional e Especialista em Gestão Condominial; e Roberto Piernikarz, Sócio-proprietário na BBZ e especialista na área condominial há mais de 18 anos.
O especialista Robério Cavalcante destacou que esse período de transformações que o mundo vem passando acometeu diretamente a dinâmica dos condomínios. “Em São Paulo, a cada 3 habitantes, 1 mora em condomínio. A pandemia representou uma ruptura do estilo de vida dessas pessoas porque rompeu com a tríade essencial dos condomínios: saúde, segurança e sossego. Os síndicos tiveram que aprender a lidar com o home-office, com uma nova necessidade de segurança e com a mediação do sossego quando todos estavam dentro de casa. Nesse novo contexto, tivemos que nos adaptar para encarar este desafio de maneira a impactar minimamente a qualidade de vida das pessoas”.
Do ponto de vista das administradoras, Robério Cavalcante, pontuou que a segurança foi o assunto mais discutido nesses 180 dias de pandemia. “Este momento mostrou que não dá para adotar um CFTV sem investir em processos e treinamento. Os condomínios vêm sofrendo assaltos e invasões que demonstram a necessidade latente por profissionalização. Neste mês foram 14 condomínios invadidos em SP e é preciso trazer isso à pauta para que os condomínios entendam a importância de uma consultoria profissional”.
O CEO da EqualiPro Consultoria, Leandro Santos, comentou que é essencial entender que a segurança é um conjunto que envolve sistema, homem e procedimento. “Não basta gerar um processo eficaz no sistema sem tratar do procedimento para integrar o morador do condomínio porque ele é um dos agentes principais da segurança, já que é visado pelos criminosos como uma ferramenta de intrusão. O projeto em si é importante para antever ameaças, perfis, tipos de crime e sazonalidade das tentativas. Já o processo não é para criar burocracia, mas gerar zelo e qualidade de vida. Por fim, é urgente tornar o controle de acesso impessoal e menos subjetivo, essa é importância da integração entre sistema e procedimento que acontece no controle de acesso remoto, por exemplo”.
Planejamento financeiro e tomada de crédito
Como as empresas – sobretudo pequenas e médias – devem administrar o caixa em tempos de pandemia foi o tema do painel mediado pelo Presidente da Câmara de Comércio Ítalo Brasileira, Graziano Messana. O debate contou com a presença de Bruno Carvalho, expert em recuperação de empresas e Sócio na Pantalica Partners; e Luiz Corino, Diretor da Oportuna Invest. Para iniciar a discussão, o mediador ponderou que as medidas governamentais que foram colocadas devido o Covid contemplaram, sobretudo, grandes empresas. Por isso, como pequenas empresas que muitas vezes não contam com a mesma infraestrutura podem se planejar financeiramente para passar por este momento?
O expert em recuperação de empresas, Bruno Carvalho, deu um panorama do cenário atual com retração do PIB em 9,7% no segundo trimestre e com a demora das medidas de auxílio ao pequeno e médio empresário. “Nesse contexto, o primeiro é estabelecer o comitê de caixa e o segundo é implementar ferramentas para que os membros tomem as decisões corretas. As pessoas chaves da empresa devem participar do comitê que, no início, deve se reunir de 2 a 3 vezes por semana para identificar as necessidades de curto prazo, priorizar os pagamentos e elencar fornecedores estratégicos”.
Um outro ponto levantado por Bruno Carvalho foi a necessidade de olhar para dentro da empresa para encontrar maneiras de administrar o caixa de maneira mais efetiva, idealmente com visibilidade de 13 semanas de caixa, além da definição de metas para geração de fluxo – como, revisão de prazo de contas a pagar, rediscussão de contratos, antecipação de faturamentos e até mesmo a venda de ativos, como máquinas não utilizadas ou estoque com menor giro. Contudo, o principal é se atentar que o principal problema, de acordo com o especialista, é a falta de informação de qualidade sobre entradas e saídas que impede a proatividade na tomada de decisões.
No entanto, para as empresas que já se encontram em dificuldade, existem outras formas de preservar e gerar caixa. O Diretor da Oportuna Invest, Luiz Corino – Diretor da Oportuna Invest, lembrou da importância dos precatórios. “Muitas empresas não sabem que um contador ou advogado tributário podem realizar auditorias que identifiquem a possibilidade de precatórios, que são créditos contra o Estado, Município ou Federal. As empresas podem gerar caixa a partir de processos administrativos permitidos pela Constituição ou optar por utilizar os precatórios para conseguir crédito através de Fintechs que contam com linha de crédito para pessoas físicas, tendo como garantia o Precatório Federal”. O serviço, acredita Corino, deve evoluir para empresas futuramente.
Gestores de Segurança e as tecnologias aplicadas na pandemia
O último painel do segundo dia de evento explorou como a tecnologia foi utilizada para solucionar demandas aceleradas pela pandemia na Segurança Pública, Saúde e Varejo. O debate entre Clodoaldo Rossi, Secretário de Segurança Municipal de Maringá; Jerome Mairet, Diretor de Gestão de Riscos do Grupo Carrefour Brasil; e Ezio Carvalho, Coordenador de Segurança Patrimonial do Hospital 9 de Julho; foi mediado por Claudio Procida, Especialista em Gerenciamento de Projetos e coordenador da Academia Abese.
“A pandemia foi inesperada em Maringá, assim como para todo o mundo. Todas as medidas adotadas no município foram tomadas a partir da experiência de outros países no enfrentamento da Covid-19. Em nossa cidade, após o primeiro decreto municipal já com restrições, a primeira medida buscava o isolamento e o distanciamento. No início, as pessoas estavam acatando as medidas, mas com o passar do tempo a gestão pública teve que lidar com a flexibilização e, por isso, houve necessidade de criação de um ambiente de fiscalização que poderia ser ainda mais efetivo com o uso da tecnologia para nos apoiar”, comentou.
Já a área da saúde – linha de frente no combate à Covid-19 – Ezio Carvalho, Coordenador de Segurança Patrimonial do Hospital 9 de Julho, comentou que a instituição precisou se adaptar à uma rotina diferenciada. “Por se tratar de um Hospital, observamos a necessidade de meios de controle de acesso para toda massa de pacientes, visitantes, colaboradores. Assim, aceleramos o processo de aquisição de câmeras de monitoramento, controle de acesso e obras emergenciais dentro deste sistema. Adquirimos 65 câmeras ao todo para cobrir o hospital com foco em impedir aglomerações na área interna e também no perímetro para não atrapalhar a entrada e saída de ambulâncias”.
Além disso, o projeto 360° instalou câmeras térmicas para medir a temperatura, câmeras inteligentes e a melhoria de controle de acesso por QR Code. “Alavancamos essa implementação por proximidade, fizemos um aparato bem grande e estamos pensando já na extensão dessa tecnologia com a instalação de armários para receber delivery de comida e outros serviços. Estamos certos que o investimento que fizemos em tecnologia não é passageiro e que a inovação é um caminho sem volta”, apontou Carvalho.
Para o Grupo Carrefour a experiência com a pandemia foi ligeiramente diferente, mas a tecnologia também foi importante para a adaptação às novas demandas para a continuidade do serviço essencial, como abordou Jerome Mairet, Diretor de Gestão de Riscos. “O Carrefour é um grupo internacional e, por isso, no Brasil não fomos tão surpreendidos pela pandemia porque estávamos em contato com as equipes de Taiwan e também da Europa que compartilharam a experiência conosco. No Brasil, o Grupo Carrefour investiu 80 milhões em soluções voltadas à pandemia, mas que serão importantes mesmo após a vacina porque elevaram a experiência de compra dos nossos clientes”, afirmou.
Inovação na Segurança 4.0
O último dia do evento começou com com um debate sobre inovação e a evolução das tecnologias habilitadoras – como o IoT. No Brasil, a abese participa ativamente do ecossistema de inovação através de parceria com o Fórum Brasileiro de IOT, participação do grupo de elaboração da Carta das Cidades Inteligentes do Ministério de Desenvolvimento Regional, câmaras temáticas do MCTI, além de co-fundar o programa Nacional de Inovação Terra 2 Inova. Para o debate, o painel recebeu Marcos Brioschi, Diretor Clínico da InfraRedMed da USP; Erico Przeybilovicz, Coordenador de Projeto do CTI Renato Archer; Hermano Junior, Diretor de Negócios da Futurecom; e a mediação de Robson Arantes, Presidente do Programa Nacional de Inovação TERRA2INOVA e Diretor do Comitê de Inovação e IOT da Abese. O tema explorou as Cidades Inteligentes e os indicadores de segurança e saúde 4.0.
Doutor em Administração de Empresas pela FGV e Coordenador de Projeto do CTI Renato Archer, Erico Przeybilovicz tratou sobre transformação digital das cidades. “O projeto é uma iniciativa do MCTI. Estamos desenvolvendo um modelo de maturidade para consulta pública e diagnóstico de níveis de maturidade para Cidades Inteligentes. O nosso intuito é oferecer dados para desenhar políticas públicas e soluções mais adequadas às necessidades das cidades 4.0. Serão 73 indicadores de diversas áreas, como Economia, Água, Inovação, Estrutura de Conectividade, entre outras. No que tange a Segurança Eletrônica, os indicadores serão sobre o Sistema de Videomonitoramento, Reconhecimento Facial, Monitoramento por Sensores, GPS e Drones”, explicou sobre o projeto CTI Renato Archer.
Przeybilovicz ainda lembrou que os associados e demais empresários do segmento podem contribuir na participação da Câmara das Cidades – que já conta com a presença de um representante da Abese para pensar em outros indicadores que poderiam ser incluídos, soluções mais adequadas e o apoio aos municípios para a implementação de soluções. “A segurança eletrônica pode ajudar a pensar como construir as Cidades Inteligente, uma vez que o setor conta capilaridade necessária para implementar soluções em larga escala e engajar prefeitos e municípios a participarem disso com foco na melhoria de vida das cidades. Já estão sendo criadas políticas públicas que podem aumentar a demanda da segurança eletrônica”.
Nesse cenário de Cidades Inteligentes, as soluções termográficas se mostraram essenciais – sobretudo durante a pandemia. O Diretor Clínico da InfraRedMed da USP, o médico Marcos Brioschi, que trabalha com este tipo de tecnologia há 20 anos. “A termografia transforma o calor do corpo humano em imagem, através da tecnologia a engenharia entendeu que é possível filmar um alto fluxo de pessoas e classificar indivíduos com febre. No entanto, do ponto de vista médico a situação não é tão simples e pode levar a uma série de falsos-negativos. No Hospital das Clínicas temos uma equipe que desenvolve soluções com sensibilidade de 95% na identificação de casos febris e pré-febris. Identificamos que o padrão de febre é precedido por um padrão pré-febril, pois quando há uma infecção o corpo reage de uma maneira diferente e identificável mesmo sem febre. Nos testes, menos de 1% das pessoas apresentava febre e nenhuma delas testou positivo para Covid-19, já no grupo intermediário havia diversos casos positivos”.
Deste modo, explica Marcos Brioschi, durante a pandemia muitas empresas surgiram vendendo a tecnologia termográfica para identificação de casos febris – ou seja, acima de 37,5 ou 37,8 como indica a OMS, sem considerar a faixa pré-febril que é muito relevante. “A grande lição que queremos passar é que é importante ter o apoio de uma associação médica junto às fabricantes de soluções tecnológicas porque fazemos diversos estudos que podem elevar os resultados das empresas do ecossistema de inovação, é importante trabalharmos juntos”, complementou.
Para o Engenheiro de Telecomunicações, Hermano Júnior, no contexto de inovação, a conectividade é fundamental para o desenvolvimento de diferentes projetos. “A conectividade permite novas soluções no uso da tecnologia para a Segurança Pública e bem-estar social. Quando a gente fala dos pilares da nova economia, estamos falando de transformação digital e conexão como elementos centrais. Nessa nova fase, também importante falar de logística e distribuição, que se tornaram fundamentais para os negócios. Assim como a conectividade imersiva, em tempo real, habilitadora das tecnologias disruptivas – IoT, Realidade Aumentada, Blockchain, Drones, entre outras que impactam de maneira transformadora as cadeias de valor”, mostrou.
Startups, Inovação e Investimento
Com uma atuação presente junto às Startups de Segurança, a ABESE disponibilizou uma Ilha de SecTechs na última EXPOSEC para acelerar a inovação e a integração com investidores. Para o segundo painel, mediado pelo Coordenador do Comitê de Startup da Abese e CEO da TRANPO, Edson Pacheco, o Conexão Abese Online recebeu Gabriel Ranyer, CEO Findme, e o Investidor e especialista em Tecnologias de Segurança Eletrônica, Adalberto Bem Haja que explicou o que é startup: “É um modelo de negócio escalável que sabe muito bem qual o seu propósito, qual a dor que resolve e, mais importante, como. Além de saber mensurar o tamanho dessa dor, ou seja, se há público consumidor”.
Sobre o cenário atual do mercado, o investidor lembrou que faltam startups no setor de segurança e sobram oportunidades de investimento. “Nos últimos 5 meses investiram 10 bilhões de reais em Startups porque são estes modelos de negócio que tem o poder de escalar e o domínio do uso da tecnologia. Contudo, há mais de 10 tem mais dinheiro na mesa do que de empresas a serem investidas, faltam Startups no Setor de Segurança. O mercado de segurança é essencial e precisamos buscar o protagonismo. Este é um desafio para todos nós e se cada um fizer um pouco conseguiremos acelerar as inovações no setor”, destaca.
Compartilhando a própria experiência à frente de uma Startup, Gabriel Ranyer elencou algumas considerações que precisam estar presentes para o sucesso da jornada de consolidação do negócio. “O empreendedor precisa levar em consideração que o investimento não é o objetivo final, mas uma etapa necessária para alcançar o real objetivo. Ninguém nasce empreendedor, as habilidades precisam ser adquiridas através do estudo, mentorias e capital intelectual. É preciso estar atento para essas oportunidades”, finalizou.
LGPD e Segurança da Informação
O anúncio do adiamento do início da vigência da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) para maio de 2021 aumentou o prazo para que as empresas se adequem às novas regras. O último painel do evento recebeu Emílio Nakamura, Associate Director e CISO de Security and Privacy da RNP; Felipe Prado, Hacker Ético da IBM e Especialista em Cibersegurança; e Flávia Guerra, Especialista em Gestão da Privacidade da Sompo Seguros. O debate foi mediado pelo advogado Lázaro de Sá, Coordenador do Comitê de Compliance da Abese, assessor Jurídico da Abese e Sócio na S&A Advogados.
Para a especialista Flávia Guerra, as empresas devem aproveitar o prazo para se adequarem às novas regras mesmo antes da nova lei entrar em vigor. “Para começar, o ideal é montar um grupo de trabalho multidisciplinar para se adequar às exigências. Outro aprofundamento é tratar a mudança como um projeto, ou seja, definir o escopo, o que será feito, prazos, entre outros encaminhamentos. À empresa ainda resta a responsabilidade de conscientizar os colaboradores sobre os processos de segurança de dados, um trabalho contínuo. Na dúvida, vale a pena ler a nova lei pensando no seu negócio”.
“As empresas tiveram que se adaptar à transformação digital que foi imposta pela pandemia e assim passamos a falar mais de segurança, houve cerca de 400% de aumento de ataques de Phishing nos últimos meses e, por isso, passou-se a falar mais de segurança da informação e quando vamos para a LGPD, por mais tenha sido postergada, ela finalmente chegou e diversos projetos vão entrar em prática nas empresas para estarem dentro da LGPD”, Felipe Prado.
“A LGPD é muito positiva para todas as organizações, elas vão começar a trabalhar com os processos muito mais mapeados. Outro ponto é que a LGPD veio para ficar e a cultura da privacidade vai fazer parte de todas as corporações. Assim, o ponto principal do mapeamento é identificar o tipo de dado coletado, como é processado e como é compartilhado com terceiros, inclusive com o governo. Teoricamente, este é um mapeamento simples para se começar a trabalhar a questão legal. Essa organização é bastante útil para as empresas”, comentou Emílio Nakamura.
No caso da Segurança Eletrônica, a questão da LGPD chama atenção dos condomínios, como explica o advogado José Lázaro de Sá. “Neste caso, algumas correntes jurídicas defendem que, para fins práticos, o condomínio atua como uma empresa e, por isso, há uma probabilidade que tenham que se enquadrar à lei. Uma coisa que devem se atentar é que o condomínio é um controlador de dados sensíveis e, assim, deverá se preocupar com algumas iniciativas para proteger os dados e também buscar o consentimento dos moradores”, explica.
Como dica final, o hacker ético, Felipe Prado, alerta: “Atualizem o dispositivo, atualizem os sistemas operacionais e antivírus, mudem senhas, e estejam atentos que sua máquina profissional é apenas para o trabalho, ou seja, não deixem ninguém instalar nenhum software estranho. Toda semana o Google exclui softwares maliciosos dentro de aplicações inofensivas”.