Britânicos questionam o Estado Big Brother
Atualmente, a Grã-Bretanha tem uma câmera de vigilância de tevê para cada 14 habitantes, a proporção mais alta do planeta. Mas o debate político sobre isso foi reavivado com a escuta pela Polícia de um deputado trabalhista que visitava suspeito de terrorismo na prisão.
Uma polêmica deflagrada na Grã-Bretanha após a revelação, nesta semana que termina, da escuta de um deputado no momento em que se encontrava na prisão com um suspeito de terrorismo, relançou o debate sobre os rumos de um Estado sob vigilância no estilo Big Brother. Desde os atentados do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, a multiplicação das medidas de segurança alimentou as preocupações sobre o volume de informações coletadas pelas autoridades e sua capacidade de protegê-las.
A revelação, no início da semana, de uma escuta no deputado do Partido Trabalhista, Sadiq Khan, por parte da Polícia antiterrorista, quando ele visitava Babar Ahmed na prisão, suspeito de terrorismo e alvo de um pedido de extradição dos EUA, reavivou o debate. Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, o trabalhista Gordon Brown, prometeu uma rápida investigação.
Destacou, contudo, que a vigilância é “necessária para defender nossa segurança, manter nossa liberdade e, em alguns casos, salvar vidas”. Colocar escuta nos parlamentares não é formalmente ilegal. Mas as autoridades se abstêm de fazê-lo, por tradição, desde 1966, de acordo com a doutrina Wilson, ditada pelo então primeiro-ministro, trabalhista como Brown, Harold Wilson.
Na quarta-feira, Nick Clegg, líder do Partido Liberal Democrata, o segundo da oposição, acusou Brown de fazer dos britânicos “a população mais espionada do planeta”. O chefe de governo rebateu, afirmando que as pessoas estavam mais tranqüilas com a presença de câmeras de circuito interno de televisão (CCTV).
Atualmente, a Grã-Bretanha é vigiada 24 horas por 4,2 milhões de CCTVs, ou seja, uma câmera a cada 14 habitantes, a proporção mais alta do planeta. Algumas têm até alto-falante para chamar a atenção de quem estiver fazendo o que não deve. Além disso, em julho passado, Brown já havia anunciado a generalização de vistos e passaportes biométricos em 2008 e o registro eletrônico de cada passageiro que entra e que sai do território.
Cada habitante deverá ter, pela primeira vez, uma carteira de identidade biométrica, em 2009, e as autoridades pretendem ampliar seus arquivos de DNA. Este arquivo já é, hoje, o mais expressivo do mundo, com o DNA de 5,2% da população, cerca de quatro milhões de pessoas, compilado. Desde 2004, o perfil do DNA de qualquer pessoa presa na Inglaterra e no País de Gales (salvo infrações menores), declarado culpado ou não, é conservado.
A perda recente de uma série de dados sensíveis de milhões de britânicos, utilizados pela Receita, Polícia e Exército, e seu possível vazamento estão longe, porém, de tranqüilizar a população, cada vez mais vigiada. (das agências de notícias)
Origem: http://www.opovo.com.br/opovo/internacional/764695.html
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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