RIO
DE JANEIRO – A segurança foi o tema que rondou – ou melhor, assombrou –
os museus brasileiros neste já moribundo 2008, ano que transcorreu como
uma montanha-russa. Em junho, foram levadas da Pinacoteca do Estado, em
São Paulo, duas telas de Pablo Picasso, uma de Di Cavalcanti e outra de
Lasar Segall.
Os quadros pertencem à Fundação José e Paulina
Nemirovsky e têm valor estimado em US$ 560 mil. Dois meses depois,
todos os quadros haviam sido recuperados. Esta seria a segunda vez em
seis meses que as artes ocupavam as páginas policiais.
Alta
madrugada do dia 20 de dezembro de 2007. Três ladrões invadem o Museu
de Arte de São Paulo (Masp), durante a troca de turno de vigias e, com
um macaco hidráulico e um pé-de-cabra, roubam duas pinturas: O lavrador
de café, de Cândido Portinari, e Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo
Picasso, avaliadas em US$ 55 milhões. O crime expôs o Brasil ao
ridículo internacional ao revelar falhas primárias de segurança do
maior museu da América Latina: as obras não tinham seguro, as portas de
entrada e das salas onde estavam os quadros furtados não tinham alarme
e as imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras registraram a
ação dos bandidos. Mas não seus rostos. Elas não tinham visão noturna.
A
redenção veio pouco depois, em janeiro, quando as telas foram
recuperadas num casebre da região metropolitana de São Paulo. O dono da
casa foi preso em abril e três acusados pela ação estão presos desde o
início do ano.
Em novembro, o Masp ostentou um sistema de
segurança renovado. Avaliado em R$ 1 milhão, o projeto, elaborado e
implementado pela divisão brasileira da empresa que equipa o Museu do
Louvre, em Paris, a LG Security Sistem, é o sistema mais avançado do
mundo em museus. É superior até ao do Louvre, com 96 câmeras
indestrutíveis de alta definição, sensores de movimento e de presença
nos quadros, entre outros apetrechos high tech.
Despertar geral para segurança
–
Foi um ano de altos e baixos. A pior coisa que poderia ter acontecido
foi o roubo, a melhor foi terem achado os quadros. Houve uma
sensibilização em torno do museu, conseguimos um aporte grande de
recursos ao longo do ano – diz ao Jornal do Brasil Luiz Pereira
Barretto, diretor secretário-geral do Masp. – As pessoas esquecem que o
Masp é uma entidade privada. A Prefeitura de São Paulo, por lei, nos dá
subvenção, dinheiro este que não dá nem para pagar a conta de luz.
Na
ponta de cá da Via Dutra, o despertar para a segurança nos museus guiou
as ações do Museu Nacional de Belas Artes, no Centro. Depois de fechar
para reforma, na qual foram instalados câmeras, sensores e alarmes, o
museu reabriu as portas em maio, com a primeira retrospectiva de
Nicolas-Antoine Taunay, com telas emprestadas de museus da Inglaterra,
da França, de Portugal e dos EUA.
– Foi um ano positivo, apesar
dos incidentes em São Paulo. Recebemos obras importantes – comemora
Monica Xexéo, diretora do MNBA, citando a aprovação, este mês, pelo
Senado do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) – que desvincula os
museus do Iphan e os coloca em relação mais próxima com o Ministério da
Cultura – e o Programa de Qualificação de Museus para o Turismo
anunciado pelo MinC em agosto como acenos de um 2009 mais sereno.
–
O museu terá folders trilingües, áudio-guias e recursos que há muito já
existiam e fazem sucesso em museus do exterior – festeja Mônica.
Origem: Clara Passi, Jornal do Brasil
Marcelo Peres
Editor do Guia do CFTV
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