O Distrito Federal é a unidade da Federação onde o mercado de segurança privada mais cresce no país. Enquanto a média nacional é de 13% de aumento ao ano, o setor expande 15% no DF.
Nas 33 cidades que compõem o território da capital federal, há pelo menos 14 mil imóveis monitorados por 250 mil câmeras. Com 2,5 milhões de habitantes, o DF já tem um equipamento a cada 10 moradores, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). O incremento no consumo do aparato eletrônico de segurança é visto pelas empresas do setor como um reflexo do crescimento da criminalidade e da sensação de insegurança.A tendência, segundo profissionais, é que cada vez mais consumidores adotem sistemas de monitoramento. “A demanda cresceu de 20 a 30% de dois anos para cá”, afirma Wilton Reis de Lima, diretor de uma importadora e distribuidora desses equipamentos. Segundo ele, as 10 distribuidoras atuantes no DF vendem entre 3 mil e 5 mil câmeras por mês. Normalmente, os sistemas são compostos por no mínimo quatro aparelhos, mas há quem tenha até 32 olhos eletrônicos no imóvel. “Infelizmente, é um ótimo mercado”, diz ele, referindo-se ao lucro das empresas diante do medo da população de ser vítima de violência.Embora não necessariamente impeçam a ação de criminosos, os registros digitais têm contribuído para o esclarecimento de crimes e na busca de seus autores. Nesta semana, a Polícia Civil divulgou as imagens de uma câmera de segurança de um prédio no Pistão Sul, em Taguatinga, que registrou o brutal assassinato do recepcionista Leumário de Macedo Maia, 18 anos, em 11 de junho. A filmagem mostra os assassinos caminhando com a vítima antes de a assaltarem, estrangularem e, por fim, carbonizarem o corpo do jovem morador de Santo Antônio do Descoberto (GO). Até o fechamento desta edição, ninguém foi preso. Como não houve testemunhas, o vídeo é a única chance de a polícia identificar os bandidos.
Intimidação
A comerciante Cíntia Bacry, 41 anos, acredita que são as cinco câmeras e o aviso de monitoramento 24 horas que livraram sua papelaria de assaltos até hoje. “Intimida os bandidos. Todas as lojas desse bloco foram assaltadas e nós não, graças a Deus. Dependemos disso para nos sentirmos seguros”, explica ela, que há 10 anos tem o comércio na 708 Norte. Ela usa a internet para ter acesso às imagens geradas pelos equipamentos. Hoje, é possível até mesmo gerenciar um ambiente pelo celular graças a novas tecnologias.A maioria dos clientes que procuram a empresa de segurança de Ywstter Moura não são como Cíntia. Eles decidem instalar sistemas porque já foram vítimas ou têm conhecidos que passaram por situações de risco. Moura reconhece, no entanto, que não adianta muito ter a imagem sem alguém para monitorar e pedir ajuda quando há uma ocorrência. “Depende de como o sistema é implementado. Hoje, temos um serviço que faz rondas a cada 30 minutos e, em casos de crimes, temos articulação com a polícia”, diz.Plano Piloto, Ceilândia e Sobradinho sonharam ver o crime diminuir quando 35 câmeras de vigilância foram instaladas em pontos estratégicos. As imagens contribuíam para que a Polícia Militar pudesse coibir ou intervir em casos de perigo. Mas há dois anos os equipamentos, que custaram R$ 450 mil aos cofres do GDF, estão desativados. “Do que adianta comprar esse equipamento sem fazer um contrato de manutenção e atualização do sistema?”, criticou o presidente do Sindicato das Empresas de Sistemas Eletrônicos do DF, Augustus von Sperling.
Flagrante
Aparelhos de filmagem flagram assaltos a estabelecimentos comerciais a todo momento. Postos de gasolina estão entre os locais favoritos dos bandidos. Ontem, dois homens assaltaram um deles na 309 Norte. Mais uma vez, o sistema de vigilância gravou toda a ação e os vídeos devem ajudar a polícia a localizar os assaltantes.
Câmeras em UTI neonatal
A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou, na última quinta-feira, um projeto de lei que obriga hospitais públicos e particulares a instalar sistemas de câmeras de segurança em unidades de terapia intensiva neonatal, maternidades e berçários. A medida visa impedir a troca e o desaparecimento de bebês dentro de hospitais. O Projeto de Lei nº 279/2011, do deputado Wellington Luiz (PSC), segue agora à sanção do governador Agnelo Queiroz.