Os cientistas já criaram telas flexíveis, circuitos eletrônicos que podem ser esticados e até uma tela totalmente maleável.
Eletrônicos flexíveis já começam a chegar ao mercado, mas as roupas inteligentes e os computadores de vestir seriam uma novidade bem-vinda na loja de eletrônicos mais próxima.
Recentemente, uma equipe da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, criou uma fibra de algodão que conduz eletricidade, abrindo o caminho para as roupas inteligentes.
Mas, se você não gosta de algodão, a solução já está a caminho. Um outro grupo de pesquisadores transformou fibras de seda em componentes semicondutores que podem ser usados para criar circuitos eletrônicos no próprio tecido.
A novidade foi apresentada pelo grupo do Dr. Olle Inganas, da Universidade de Linkoping, na Suécia, e seus colegas espanhóis do Centro de Tecnologias Eletroquímicas.
Transistores de seda
Os transistores de seda foram criados mergulhando as fibras produzidas por uma lagarta (Bombyx mori) em uma solução de um polímero condutor de eletricidade.
Isso incorporou as moléculas condutoras na fibra natural, transformando a seda em um semicondutor.
Inganas e seu grupo demonstraram que as fibras de seda dopadas com o polímero podem ser tecidas em um transístor eletroquímico: uma solução iônica funciona como eletrólito, modificando a condutividade das fibras, fazendo o papel que os elementos dopantes fazem nos semicondutores tradicionais.
O transístor eletroquímico foi "tecido" cruzando duas fibras de seda previamente mergulhadas em um polímero conhecido como PEDOT-S, que vem sendo utilizado em experimentos com chips neurais.
O eletrólito foi adicionado na forma de uma gota, colocada na junção das fibras.
Aplicando uma tensão nas extremidades de uma das fibras, que funcionou como a "base" do transístor, os cientistas demonstraram que é possível controlar a energia que flui na outra fibra, cujas extremidades funcionam como "emissor" e "coletor".
Super amplificação
O transístor de seda apresenta um fator de amplificação impressionante – mais do que 100 vezes – o que é comparável aos transistores mais modernos. Ele também funciona com tensões muito baixas, o que é interessante quando se pensa em circuitos que estarão em contato direto com o corpo humano.
A grande limitação da abordagem é a necessidade da junção das duas fibras com o eletrólito: fazer isto em escala industrial irá exigir uma boa dose de criatividade dos engenheiros.
Mas o foco dos pesquisadores é aproximar seus transistores eletroquímicos dos materiais biológicos, integrando eletrônica com tecidos vivos, eventualmente abrindo caminho para os neurocomputadores.
Woven Electrochemical Transistors on Silk Fibers
Christian Müller, Mahiar Hamedi, Roger Karlsson, Ronnie Jansson, Rebeca Marcilla, My Hedhammar, Olle Inganäs
Advanced Materials
DEC 2010
Vol.: Published online
DOI: 10.1002/adma.201003601