Para se defender de assaltos, motoristas da Uber criam rede de monitoramento 24h
Preocupados com a série de ataques registrados em Manaus nas últimas semanas, motoristas de Uber tomaram medidas próprias para evitar assaltos. Um grupo de mais de 300 motoristas se uniu para monitorar um ao outro e assim inibir ou pelo menos minimizar as ações de criminosos.
Os condutores relatam que apesar da alta incidência de crimes, já sentem resultados positivos das medidas. Dois aplicativos estão sendo utilizados como canais de comunicação entre os condutores: Life 360 e Zelo.
Rodrigo Souza, de 34 anos, entrou no grupo há poucos dias, depois que sofreu um assalto, no qual o carro foi levado pelos bandidos. Ele conta que desde então, além de entrar no grupo, ele tem tomado uma série de cuidados.
“Infelizmente, tem bairros em Manaus que não é aconselhável nós trabalharmos. Não pego mais passageiros que não sejam donos da conta e às vezes nem pego o passageiro quando me sinto inseguro”, contou.
O motorista ressalta que parou de rodar durante a noite devido à criminalidade e lamenta porque, atualmente, ser motorista de Uber tem sido sua única ocupação para levar o pão de cada dia para casa.
“Saio de casa pedindo a Deus que me traga de volta. Nesse momento de crise que o país vive, a gente precisa ter uma maneira de trazer renda para casa. A gente precisa enfrentar o medo do assaltos porque precisa trabalhar”, desabafou.
Melhorias no app
O motorista Edson Gonçalves, de 47 anos, administra o grupo “Drive Manaus” que, atualmente, tem 347 integrantes. Ele conta que já sofreu três tentativas de assalto e revela a preocupação dos motoristas com a onda de crimes cometidos contra motoristas dos aplicativos.
“Desde que os grupos foram criados, em abril do ano passado, 27 assaltos foram contabilizados, mas as tentativas são inúmeras e acontecem todos os dias com os motoristas”, disse.
Um dos problemas relatados por Edson é que muitos usuários pedem corrida para outras pessoas, o que na opinião dele aumenta a sensação de insegurança para os motoristas.
“Quando um cliente pede o Uber ele sabe o nome e vê a foto do motorista, mas nós motoristas não temos esse recurso. Às vezes não tem nome, só as inicias da pessoa ou apelido e muitas vezes o passageiro não é o titular da conta, o que nos deixa inseguros com a situação”, disse.
Edson afirma que ele e outros motoristas enviaram mensagens a Uber pedindo melhorias no aplicativo que favoreçam os motoristas. Mas, segundo ele, o suporte da empresa responde que as medidas solicitadas prejudicariam os usuários.
“A verdade é que a Uber se preocupa muito com a segurança do passageiro, mas pouco faz para amenizar os problemas enfrentados pelos motoristas. Nós damos sugestões que acreditamos que vá melhorar, mas eles não atendem e nós ficamos à mercê dos bandidos”, desabafou.
Polícia recomenda cuidado
O delegado titular da Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos (DERFV), Rafael Allemand, relata que no final do ano passado recebeu dois casos em que os infratores se disfarçaram de clientes. Um deles ocorreu na zona Norte, onde os suspeitos foram apreendidos.
“Dois menores emprestaram o telefone de uma vizinha para pedir o Uber e durante a corrida assaltaram o motorista. Chegamos até eles através da titular da conta”, contou.
O delegado ressalta que as medidas adotadas por qualquer motorista devem receber ainda mais atenção por parte de quem trabalha com transporte, como instalação de GPS e poucos objetos pessoas e dinheiro nos veículos. “O motorista não tem como escolher se a corrida será paga em cartão ou dinheiro, mas o ideal é não manter a renda com ele. Não há muitas medidas para evitar os assaltos, mas é possível minimizar as perdas sim”.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Uber informou que desde o ano passado os usuários são obrigados a informar CPF e data de nascimento no pagamento em dinheiro e que os motoristas têm disponível um telefone 0800 para solicitar apoio da Uber após registrar a ocorrência na polícia.
A empresa informou que estuda ferramentas específicas que atendam a realidade brasileira para que desta forma consiga combater os ataques e proteger os trabalhadores.
Origem: Acritica
João Marcelo
joao.marcelo@guiadocftv.com.br
GuiadoCFTV
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