A tecnologia imprimiu uma nova palavra de ordem no mercado: a colaboração. Os segredos industriais trancados a sete chaves, pouco a pouco, estão sendo substituídos por uma ideia de compartilhamento. Ao contrário do que acontece em muitos setores tradicionais, a inovação é feita por diferentes mãos e opiniões.
Por trás dos aplicativos programados dentro do paradigma da nova economia colaborativa – que permite que compartilhemos carros, casas, roupas e outros bens – existe uma construção conjunta. O software open-source vai além do produto final e imprime a cooperação ainda no momento da criação das soluções, muitas vezes pautando a ideia das aplicações. O modelo colaborativo de programação faz parte da criação e aprimoramento de plataformas de diversos setores e até mesmo em produtos de código fechado, como Instragram, WhatsApp e iOS.
A tecnologia se torna colaborativa; estabelece-se uma gestão horizontal na qual qualquer pessoa com o conhecimento necessário pode ajudar a desenvolver e aprimorar um software. Por mais que exista uma empresa ou alguém responsável por abrir o código do projeto e escolher quais mudanças realmente devem ser incorporadas no código original, a programação é livre.
Ainda que na teoria possa parecer arriscado, na prática o open source ajuda a incrementar a segurança das soluções. Imagine a seguinte situação: você criou um software e, antes de receber ameaças reais no mercado, a solução é “atacada” por diversos programadores que procuram brechas na segurança. Antes mesmo de estar rodando para valer, você já terá testado e validado diferentes modos de protegê-la. Essa é a realidade da maior parte dos protocolos de segurança existentes nos dias de hoje: o sistema de criptografia usado no tráfego de dados entre seu celular e os servidores do Facebook, o sistema de segurança da sua rede Wi-Fi, ou mesmo as implementações de blockchain, estado da arte da segurança em software, são todos open-source.
Além disso, os projetos de código aberto ajudam a democratizar o desenvolvimento de software de impacto. No lugar de apenas uma empresa ser responsável pela programação da solução, inúmeros programadores podem contribuir acrescentando visões diferentes e criando projetos mais consistentes. Esse é o caso do React.js, ferramenta open-source do Facebook que é usada por aproximadamente 1 milhão de desenvolvedores ao redor do mundo, segundo Sophie Alpert, gestora do time de desenvolvimento da ferramenta.
A vantagem para o programador é poder ajudar no desenvolvimento de grandes soluções. Apesar de não necessariamente receberem retorno financeiro, a experiência é refletida em credibilidade no mercado – que, além da capacidade profissional, enxerga comprometimento e engajamento com a programação de soluções. Uma das grandes mudanças causadas pelos software open-source é a autonomia e mudança de mindset: ao perceber uma demanda, a própria comunidade de programadores se une para superá-la.
Para as empresas, abrir o código de seu software é ganhar visibilidade. Ter o know-how para trabalhar com open-source é um diferencial que traz validação pública da capacidade de programação e conexão com o mercado da companhia.
Além das duas pontas envolvidas no processo, os consumidores também saem ganhando com soluções mais bem preparadas para qualquer situação. Dentro da comunidade de programadores a ideia do open-source é defendida como um modo moderno de programar projetos. Para expandir o conhecimento, ele precisa ser compartilhado — e quanto mais mãos trabalhando juntas, melhor será seu resultado.
* Alexandre Cordeiro é COO da Cheesecake Labs
Origem: https://canaltech.com.br/software/open-source-tecnologia-colaborativa-110346/
Marcelo Peres
mpperes@guiadocftv.com.br
GuiadoCFTV
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