Câmeras começam a fazer reconhecimento facial em ônibus e estradas no ES

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As mais de 1.160 câmeras do cerco inteligente que operam em todo o Espírito Santo ganham mais uma funcionalidade a partir desta terça-feira (10). A plataforma de monitoramento, que conta com 290 pontos de coleta em todo o Espírito Santo, vai começar a fazer o reconhecimento facial das pessoas que circulam nas vias, utilizam o transporte público e também as estradas estaduais.

De acordo com o governo do Estado, as câmeras com reconhecimento facial vão ajudar a identificar criminosos, achar desaparecidos e recuperar fugitivos do sistema prisionais. Atualmente, o Estado tem 3.800 pessoas com mandado de prisão em aberto e outras 6 mil pessoas desaparecidas que poderão ser identificadas no momento em que usarem o transporte público, como os ônibus e terminais do Sistema Transcol, ou passarem em algum veículo pelas câmeras localizadas nas estradas. E ainda em câmeras de prédios públicos. As câmeras das prefeituras, por enquanto, ainda não estão integradas à funcionalidade.

Segundo o governador Renato Casagrande, a tecnologia vai utilizar, como parâmetro de comparação, os bancos de dados das bases de desaparecidos, de procurados pela polícia, do Sistema Integrado de Inteligência da Segurança Pública (Sispes), da Secretaria da Justiça (Sejus), que administra o sistema prisional, além da base do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES).

Na prática, ao identificar um desaparecido ou alguém com mandado de prisão em aberto, o sistema vai emitir um alerta para uma equipe da inteligência que atua dentro do Ciodes, na Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que vai analisar as informações e, se for o caso, enviar o comunicado para equipes da Polícia Militar realizarem a abordagem. São os policiais na rua que vão confirmar, de fato, se o reconhecimento facial é mesmo da pessoa que está sendo procurada.

“A ferramenta também tem as condições para elucidar crimes. Por exemplo, caso uma pessoa com mandado de prisão em aberto entre em um ônibus do Transcol, é expedida uma notificação na mesma hora para que as forças policiais a prendam. Caso a pessoa cometa um crime e ainda não esteja na lista de procurados, podemos localizá-la por meio de banco de dados civil”, afirmou Casagrande.

O subsecretário de Transformação Digital da Secretaria do Governo (SEG), Victor Murad, explicou que o sistema não trabalha com retratos, mas sim com uma equação matemática, um algoritmo, formado a partir das informações do banco de dados. “Quando identifico uma pessoa no banco de dados, eu crio uma equação matemática. Cada face ganha um algoritmo. Pode ser um irmão gêmeo, mas eles vão ter algoritmos diferentes. Com isso, a plataforma consegue, de forma muito rápida, fazer uma associação com quem está passando na frente da câmera,  emcerca de seis segundos”, diz.

“Não é a plataforma que vai tomar a decisão de prender uma pessoa. Ela é uma ferramenta auxiliar que vai fazer a identificação e passar para a autoridade policial, que vai atestar se a pessoa é de fato o alvo. A precisão do sistema é de 95%”, explica.

Monitoramento nos ônibus

Além das câmeras instaladas nos ônibus e terminais, as que ficam na Ciclovia da Terceira Ponte e nos terminais do Aquaviário, por exemplo, também vão auxiliar no trabalho de busca de criminosos e desaparecidos com as câmeras de reconhecimento facial. Segundo o secretário de Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, atualmente o sistema tem uma frota de 1.650 ônibus, onde circulam cerca de 600 mil pessoas por dia.

“Um desafio foi conseguir implantar o sistema dentro dos ônibus. Porque é diferente de um prédio público, que tem fibra ótica e a câmera está parada. No ônibus, vamos usar uma tecnologia avançada de 5G e captura de imagem”, detalha.

Tecnologia vai ajudar a reduzir tempo para elucidar crimes

Com o sistema de reconhecimento facial, será possível também ajudar a reduzir o tempo para a elucidação de crimes investigados pela Polícia Civil contra o patrimônio e homicídios, segundo o gerente de operações técnicas da Subsecretaria de Inteligência da Sesp, Jordano Bruno Leite.

Será possível, por exemplo, checar informações passadas por um suspeito em relação a algum álibi ou rotina que possa estar relacionado ao crime. “A partir desta terça (10), se a pessoa passou na frente dos locais que alega ter passado e se havia câmera com o sistema ativado, a gente consegue comprovar essa rotina fazendo o histórico de passagem e localização da pessoa, o que vai ajudar muito no inquérito”, explica.

Ele também detalha que com as imagens do sistema de reconhecimento vão poder ajudar também na elucidação de crimes ocorridos em transporte público. No caso de roubo a ônibus, por exemplo, o sistema vai conseguir tanto identificar se aquele algoritmo, ou aquela pessoa, estava no ônibus em uma ocorrência. E ainda será possível, com informações recolhidas anteriormente, cruzar informações da presença do indivíduo em datas e horários semelhantes presentes em boletins de ocorrência registrados.

 

 

 

 

 

 

 

João Marcelo de Assis Peres

joao.marcelo@guiadocftv.com.br

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