Polícia quer acesso on-line a câmera de prédio particular
Condomínios residenciais de São Paulo poderão autorizar observação externa.
Acesso a rede particular deve ocorrer em até dois anos; plano prevê mais câmeras próprias e acordos com prefeitura. Para combater furtos e roubos, a Polícia Militar paulista prepara ampla expansão da vigilância eletrônica, que inclui acesso on-line a câmeras privadas, incluindo prédios comerciais e residenciais, desde que haja autorização."Em questão de um ou dois anos, teremos acesso à rede particular", afirma o comandante da PM, coronel Álvaro Camilo, segundo quem o projeto inclui também novos equipamentos próprios e o acesso à rede da prefeitura.
O uso de câmeras privadas é possível com a tecnologia IP, criada em 1996, mas que se popularizou nos últimos anos -hoje ainda representa menos de 10% do total.
Ao contrário das analógicas -que só gravam imagens-, a câmera IP permite trocar dados on-line. É ela que possibilita que se acesse do escritório ou do celular câmeras instaladas em casa."Imagine que na Oscar Freire lojistas vejam pessoas suspeitas. Eles passam o IP [identificador], a gente acessa e passa a observar a rua por meio das câmeras deles."
Segundo Camilo, o acesso terá de ser autorizado por meio de um cadastro prévio, e a adesão será voluntária. Embora a prioridade sejam as câmeras voltadas para a rua, com o IP, é possível acessar também as internas, como em prédios residenciais. A medida é polêmica, diz Percival Maricato, diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, setor que tem sido alvo de arrastões. "Um restaurante é local para intimidade. Ter câmeras que cheguem à polícia pode não ser muito agradável."Para José Henrique de Souza, secretário-geral do Sinconedi (sindicato de condomínios de SP), a ideia é "excelente", embora possa haver resistências. "Mas aí chama-se assembleia, discute-se e vota-se. A maioria vence." Para Oswaldo Oggiam, da Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica, é preciso controle sobre o acesso e o uso das imagens. Ele lembra que hoje a privacidade já é comprometida quando a polícia requisita imagens gravadas. "Sempre haverá registro de morador." Marcelo Ponte, diretor da Axis Communications, multinacional que criou a câmera IP, sugere limitar as câmeras que podem ser acessadas. A PM irá ampliar o total de câmeras próprias -270 na capital. A ideia é chegar a 3.000 em três anos. Outra frente é fazer acordos com a prefeitura, que tem cerca de 3.000. Já há um convênio do final de 2010 com a Guarda Civil Metropolitana (200 aparelhos). Outro está sendo feito com a Companhia de Engenharia de Tráfego (300).