IPv6 para Redes Bancárias
No Brasil, milhões de transações financeiras já são feitas por meio de celulares inteligentes.
Qual foi a última vez que você foi à sua agência bancária? Eu realmente não me lembro da minha. Moro no Rio de Janeiro há vários anos e minha conta continua em São Paulo. Quanto mais o cidadão adere à internet, menos tempo ele gasta fisicamente no banco. Nos dias de hoje, a internet é a principal plataforma de acesso ao sistema bancário em quase todo o mundo.
Segundo o Massachusetts Institute of Technology (MIT), “as indústrias de entretenimento e a financeira são os maiores exemplos de empresas digitais”. No Brasil, milhões de transações financeiras já são feitas por meio de celulares inteligentes. Segundo a FEBRABAN, as transações via mobile banking crescem mais de 300% ao ano, atingindo mais de 820 milhões de operações em canais móveis em 2012.
Um negócio que depende tanto da internet não pode, portanto, ficar vulnerável e passivo diante de mudanças tecnológicas tão importantes que estão em curso, como a migração do protocolo IP (Internet Protocol).
A internet foi estabelecida e se consolidou sobre a versão 4 do protocolo IP (IPv4), cuja quantidade de endereços públicos disponíveis é insuficiente para atender a explosão de demanda e acesso da internet atual. Não fossem técnicas alternativas como NAT, endereço privado e blocos CIDR, entre outras, o IPv4 teria acabado há mais de uma década. Por isso, a versão 6 do protocolo IP (IPv6) foi criada e sua implementação foi iniciada há alguns anos. O espaço de endereços no IPv6 é tão grande que seria capaz de conectar cada grão de areia existe nas praias de todo o planeta!
Mas a migração do IPv4 para IPv6 não é tão simples, e exigirá planejamento e investimento.
Atualmente, projetos IPv6 estão em curso em diversas operadoras na América Latina. Ou seja, já em 2014, eu, você e nossos amigos, usuários de banda larga residencial (e clientes de bancos), poderemos receber um endereço IPv6, além de um IPv4 privado, para nos conectarmos à internet. E aí, o que vai acontecer? Ora, o usuário terá duas opções para se conectar à internet: uma via rede IPv6; a outra, via IPv4 privado + NAT.
Os sistemas operacionais mais recentes de PCs, laptops, tablets e smartphones preferem a conexão IPv6 por padrão. Portanto, ao digitar www.bancoXYZ.com.br no navegador ou ao acessar o app do seu banco no celular, este preferirá estabelecer a conexão ao conteúdo desejado via IPv6. Uma pausa aqui: ao testar essa modalidade de conexão via IPv6 nos portais dos principais bancos brasileiros, a resposta foi 0% de conexão. Ou seja, dos bancos testados, nenhum têm IPv6 implementado. Nesse caso, o navegador web, ao não obter uma resposta do DNS de que o site www.bancoXYZ.com.br pode responder via IPv6, preferirá a conexão via rede IPv4. E é aí que a questão do desempenho e experiência do usuário torna-se importante.
Provavelmente, o IPv4 que você recebeu terá de passar por uma solução de NAT na rede da operadora. Testes feitos recentemente por alguns bancos da Índia mostram que o tempo de latência no acesso ao site do banco via IPv6 é sensivelmente menor se comparado ao IPv4.
Em resumo: a experiência de conexão nativamente por meio do IPv6 será melhor do que a experiência de conexão por meio de IPv4 privado + NAT. Nesse caso, os bancos correrão o risco de ter transações web incompletas por problemas de conectividade IP?
Como disse antes: a implementação do IPv6 não será simples. Deve ser bem planejada e testada. Recomenda-se, como primeiro passo, um levantamento da compatibilidade com IPv6 da sua base de equipamentos da TI, do caixa eletrônico aos servidores que armazenam e processam o conteúdo web.
O sistema bancário brasileiro é considerado um dos mais modernos do mundo, pela sua cobertura e agilidade do sistema eletrônico. Mas os bancos se diferenciam realmente é na experiência do cliente. As redes são parte indispensável e, em grande medida, responsáveis pela boa (ou má) experiência desse usuário, e a implementação do IPv6 pelos bancos será fundamental para garantir uma boa experiência para seus clientes web.
*Lucas Pinz é gerente sênior de tecnologia da PromonLogicalis, integradora independente de soluções de tecnologia da informação e comunicação (TIC) da América Latina.
Origem: http://www.itforum365.com.br/noticias/detalhe/46/ipv6-para-redes-bancarias
Engº Marcelo Peres
mpperes@guiadocftv.com.br
Editor do Guia do CFTV
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